Resumo

Existem evidências de que o tempo entre o início da ativação da musculatura agonista e o da antagonista (latência antagonista- LA) aumente com a amplitude angular. Este fenômeno foi observado para movimentos uniarticulares restritos e não restritos, em indivíduos neurologicamente normais (NN) e em portadores da Síndrome de Down (SD), embora a LA fosse menor para os indivíduos SD. Nos movimentos uniarticulares, os fatores intrínsecos (amplitude angular) e extrínsecos (distância linear) co-variam linearmente, o que não acontece, necessariamente, para os movimentos multiarticulares. Aqui verificamos se a LA aumenta com a mudança de fatores extrínsecos (distância linear do dedo indicador) durante a execução de movimentos planares de reversão, envolvendo a extensão do cotovelo e abdução ou adução do ombro. Seis sujeitos NNe 6 com SD executaram movimentos, o mais rápido possível, em 3 distâncias lineares (30%, 45% e 60% do comprimento do antebraço) e em 3 orientações espaciais (à direita, ao centro e à esquerda do sujeito). Os movimentos foram reconstruídos no espaço utilizando um sistema óptico-tridimensional. Simultaneamente foram registradas as atividades eletromiográficas de 4 músculos (deltóide posterior, deltóide anterior, tríceps e bíceps). Os sujeitos de ambos os grupos aumentaram a LAda musculatura antagonista do cotovelo com o aumento da distância linear, independente da orientação espacial do movimento. No entanto, esta LA foi menor para os indivíduos SD. Primeiro, estes dados indicam que o SN pode utilizar informações extrínsecas (distância linear) para definir a LA do tríceps. Segundo, a diminuição da LApara os indivíduos SD favorece o aumento da estabilidade articular desta população. No entanto, a LA da musculatura do ombro foi próxima de zero para ambos os grupos. Este dado pode indicar uma incapacidade do SN de modular a LA para musculatura proximal.

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