Resumo

A pesquisa analisou as fases passada e presente da gestão das organizações esportivas profissionais que atuam na primeira divisão de futebol do Distrito Federal, em face de uma mudança ambiental – a promulgação da Lei Pelé. O cenário do atual mundo globalizado mostra um mercado caracterizado por exigentes consumidores e ambiente competitivo volátil e menos previsível. No futebol brasileiro, o profissionalismo avançou nas relações de trabalho, na venda e aquisição de jogadores, não ocorrendo o mesmo na administração dos clubes. Muitos dirigentes ainda não aceitam que o futebol tornou-se um negócio. Até a vigência da Lei 6.251/1975, as legislações brasileiras eram muito voltadas ao esporte amador. Com a promulgação da Lei Zico (1993), os clubes tiveram a opção de se tornarem empresas. Em 1998 a Lei Pelé alterou profundamente as relações do desporto nacional e avançou na profissionalização da administração esportiva, extremamente enfraquecida em razão dos escândalos de má gestão dos clubes. A Medida Provisória n° 39/2002, recentemente editada, impõe a organização em sociedades comerciais ou a contratação de empresas para administrarem as atividades profissionais das entidades de prática desportiva. Esse instrumento confere aos clubes que gerem e exploram o desporto profissional, um tratamento muito semelhante ao das demais empresas comerciais. A profissionalização da administração dos clubes esportivos caminha no sentido de ser uma exigência para que estas organizações, muitas vezes centenárias, possam permanecer existindo num mercado cada vez mais competitivo. No Distrito Federal, os clubes esportivos, embora não sejam tão antigos quanto os dos estados brasileiros – pela juventude da Capital Federal –, ainda não demonstraram em ações e em resultados expressivos, o devido conhecimento e consciência quanto às mudanças que objetivem a consolidação dessas instituições como empresas lucrativas social e comercialmente. Na pesquisa foram estudados os dez clubes que participaram do Campeonato Brasiliense da primeira divisão de futebol profissional, no ano de 2001. A investigação permitiu traçar um perfil sócio-econômico e cultural dos principais dirigentes dessas entidades e constatar que o modelo de gestão utilizado atualmente está muito mais próximo do preconizado na legislação de 1975, do que nos moldes definidos pela atual Lei Pelé (1998). Foi realizado um levantamento do “estado da arte” da administração esportiva no Brasil e no mundo, e, em especial, uma revisão sobre a evolução histórica do futebol no Distrito Federal e delineamento da cultura organizacional do ambiente esportivo de futebol no Brasil e especificamente no Distrito Federal. Apenas um clube está registrado como empresa, sendo o único a manter em seus quadros, profissionais qualificados para exercerem a administração dessa organização esportiva. Em termos estatísticos foram utilizadas medidas de associação para variáveis qualitativas levantadas em questionários aplicados aos dirigentes dos clubes. Tendo em vista as limitações do presente trabalho, novos estudos devem ser produzidos, no sentido de aprofundarem o problema aqui discutido.