Resumo

A Capoeira é um misto de luta, dança e jogo, que articula distintos aspectos da sua prática cultural nos processos constitutivos da subjetividade dos sujeitos nos momentos de sua expressão. Este trabalho tem o propósito de pesquisar e discutir, através de estudos históricos, documentais, relatos de Mestres dessa prática cultural afrobrasileira, dentre outras estratégias metodológicas, como os capoeiristas faziam da sua luta uma opção de lazer através de um misto de resistência e/ou de enquadramento perante um regime autoritário. Durante o período da Ditadura Militar, algumas rodas de capoeira que aconteciam nas ruas ou nas praças de Belo Horizonte, eram vigiadas por policiais, às vezes, a paisana, quando a policia suspeitava que aquela roda apresentasse um caráter subversivo, a roda era repreendida e prendiam-se alguns capoeiras. No início dos anos 70, a Capoeira já tomava conta do país e, consequentemente, aconteceu, o que chamarei de “exportação de capoeiras”, pois nesta época, muitos capoeiristas da classe média paulistana e carioca foram dar aulas de Capoeira no exterior, inicialmente Estados Unidos e logo em seguida Europa, já nos anos 80, capoeiristas mineiros começaram a se aventurar em terras estrangeiras. Percebe-se que o período correspondente ao Regime Militar trouxe várias mudanças na Capoeira, as federações, batizados, campeonatos, o que acarretou em diversas interpretações. Me recorri a uma pesquisa qualitativa, com entrevistas por pauta a três grandes mestres de Belo Horizonte, que foram protagonistas da Capoeira mineira no período da Ditadura Militar. As respostas obtidas evidenciaram a resistência por parte de alguns e o enquadramento por parte de muitos, logo percebe-se que o Regime Militar trouxe vários benefícios à Capoeira. 

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