Resumo

A sociedade contemporânea caracteriza-se pelo distanciamento entre as gerações. A classificação do ciclo vital em etapas bem demarcadas e as expectativas de comportamento das diversas gerações precisamente normatizadas resultaram em uma compartimentalização de espaços sociais para cada faixa etária. Tal fenômeno tem suas raízes no século XVIII com a escolarização das crianças e atinge seu ápice no século XX com criação de programas sociais e culturais exclusivos para a Terceira Idade. Além da vida familiar, poucas são as situações do cotidiano que ensejam o contato entre as gerações. Uma dessas exceções são as instituições de educação informal. Em pesquisa realizada entre 2000 e 2003 nas unidades do Serviço Social do Comércio de São Paulo foram investigadas as interações entre jovens e idosos nas atividades culturais e de lazer. Através de observações sistemáticas e entrevistas verificou-se que o convívio intergeracional permite o desenvolvimento de atitudes mais positivas em relação às demais gerações. Outro importante resultado é o enriquecimento cultural obtido através das trocas de experiências geracionais em um rico processo de co-educação. Os idosos repassam aos jovens a memória cultural e modelos de como vivenciar o envelhecimento. Os jovens transmitem aos velhos novos valores de comportamento e habilidades para o domínio das novas tecnologias. Com o objetivo de ampliar tais experiências o SESC São Paulo resolveu criar um novo programa intergeracional, o SESC Gerações, que está sendo implantado em suas unidades da capital e do interior do estado.