Resumo

Introdução: No início do século XX a condição feminina era determinada por um
discurso baseado na medicina social que atribuía à mulher características como a
fragilidade, o recato, a emotividade, constituindo os comportamentos ideais e
transformando-os em rígidos papéis sociais. Atribuía-se à mulher diversas privações,
restringindo-a ao espaço do lar e às atividades referentes aos papéis de mãe, esposa
e dona de casa. Apesar do papel social das mulheres estar fortemente consolidado,
neste mesmo período presenciou-se a luta do Movimento Feminista pelo direito
das mulheres à cidadania, à uma existência legal fora da casa. Algumas dessas
manifestações foram organizadas, outras eram vozes solitárias de mulheres que se
rebelavam contra as condições em que viviam na época. Posto isso, o objetivo deste
trabalho é discutir como se deu a participação da mulher nas práticas corporais de
movimento (como a ginástica, os esportes) - atividades historicamente reservadas
aos homens - na década de 1920 no Brasil, em meio a uma sociedade que reprimia
a presença feminina em espaços públicos e presenciava uma significativa atuação
do Movimento Feminista. Material e método: Revisão bibliográfica e consulta a
arquivos e fontes históricas. Resultados: Em decorrência da condição a que a mulher
estava subjugada, da organização do Movimento Feminista e das transformações
sócio-políticas ocorridas com a Primeira Guerra Mundial, entre outros fatores, foi
gerada a necessidade da constituição de uma mulher que correspondesse às exigências
da Modernidade. Mais independente, porém não menos dedicada ao lar e à educação
dos filhos. Essa transformação teve reflexos na Educação Física, fazendo com que
os discursos deixassem de afirmar a inaptidão da constituição física feminina e
incorporassem essa nova mulher fisicamente ativa que tinha como objetivo de sua
prática os propósitos eugenistas e higienistas de "engrandecimento da Nação".
Passaram a ser divulgados estudos científicos que consideravam adequadas as
atividades que não demandassem grande esforço físico, nem proporcionassem
emoções muito intensas, como: a ginástica, a dança clássica, a caminhada e a natação
não-competitiva. Conclusões: Apesar de insipientes, as experiências de algumas
mulheres no esporte e na ginástica na década de 1920 foram fundamentais para o
desenvolvimento de práticas corporais de movimento entre as mulheres brasileiras.

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