Integra

No dia 31 de maio de 2009, depois de demorada, ardilosa e estratégica espera desde a definição do Brasil como País sede do vigésimo certame internacional, ocorrido em 30 de outubro de 2007, finalmente o Brasil e o Mundo souberam, após manifestação dos magistrados da FIFA, no caribenho arquipélago de Bahamas em Nassau, as doze cidades sede que abrigarão a Copa do Mundo de 2014.

Sessenta e quatro anos terão se passado desde o Maracanazo, ocorrido em 16 de julho de 1950 no Distrito Federal, na então capital do Brasil, o Rio de Janeiro, ocasião a partir da qual, os sons do silêncio dos estimados duzentos mil presentes, 2,5 milhões de habitantes da cidade e dos 52 milhões de brasileiros, ecoariam até a Suécia oito anos mais tarde.

Vitoriosos nos quatro cantos da terra, na Europa (1958), nas Américas do Sul (1962), Central (1970) e do Norte (1994) e mais recentemente na Ásia (2002), a representação nacional de futebol do Brasil constituiu ao longo dos anos, mais do que uma empatia com a população brasileira, passando a ser identificada quase como representação diplomática dos interesses estratégicos da nação a cada época, em ares democráticos ou trágicos períodos de chumbo..
Nas páginas esportivas, três finais consecutivas de 94 a 2002, na Copa realizada na Alemanha em 2006, um “Time dos Sonhos”, equivalente àquele de Basquetebol dos Estados Unidos da América na Olimpíada de Barcelona em 1992, entretanto, tem sido nas páginas políticas e policiais, que a CBF e seu dirigente máximo maior notoriedade tem conseguido.

A permanente exposição de negócios pouco transparentes com patrocinadores ligados ao ramo de material esportivo, cessão de direitos e comercialização de seus jogos, ou a associação de produtos e marcas ao selecionado de futebol, culminaram com a instalação em 2000 de duas Comissões Parlamentares de

Inquérito, uma na Câmara, outra no Senado.
Os desdobramentos da devassa realizada apontaram a necessidade de mais do que uma reformulação, o banimento com conseqüências penais aos dirigentes na estrutura confederativa e federativa do Futebol nacional!

Para nosso infortúnio, os protagonistas da empreitada Copa 2014 tanto os dirigentes do futebol, quanto inúmeros personagens que hoje ocupam funções de direção nas diversas unidades da federação, já freqüentaram páginas não meramente ligadas às questões esportivas.

Aqui no DF, a 20 km da capital ornamentada de verde e amarelo no domingo do anúncio, a Praça do Relógio em Taguatinga, foi palco de uma “expectativa cívica” quanto à definição das cidades sede, contou com a presença do Governador, secretariado e servidores convidados para participarem da tarde festiva, conferindo à mesma o seu caráter “chapa branca”, inclusive com a raríssima gratuidade do metro, só franqueada no aniversário de Brasília.

Um Veículo Leve sobre Trilhos na ordem de R$ 528 Milhões, Trem Bala, os anunciados 650 milhões para reforma do outrora Mané Garrincha, agora já rebatizado como Estádio Nacional de Brasília, o conceito de uma arena multiuso, chancelados pelo falacioso argumento de uma ideologicamente defendida parceria público-privada.

O anuncio é numa direção e oculta as ações concretas do financiamento em sua totalidade, recorrentemente executados com recursos oriundos do orçamento público, pela usual política do fato consumado, tudo analisado por uma também já anunciada Auditoria Independente!
Afinal será que apenas os estádios se encontram fora dos padrões internacionais do capitalismo central? O que dizer então das condições de habitação, trabalho, saúde, educação, segurança, lazer, esporte, enfim daqueles direitos que constitucionalmente são apresentados como sociais?
No âmbito nacional a Perspectiva Anunciada do Capital, já colocou o seu time em campo: Banco Itaú (divulgado como patrocinador local da Copa 2014), Brahma, Nike, Gillete, Guaraná Antártica, Golden Cross, TAM e VIVO já estão escalados nos Banco$, camisa$ e uniforme$ da CBF!

No internacional a FIFA apresenta seus sócios (patrocinadores permanentes): Adidas, Coca-Cola, Emirates, Kia-Hiunday, Sony e Visa, assim como divulga que os novos contratos para 2014 foram fechados no primeiro semestre de 2008 com a Castrol e a Continental!

A concreta Parceria Público Privada se estabelece no interior dos governos, com mercadores em espaços políticos estratégicos como dublês, travestidos de gestores, mas objetivamente alavancando seus interesses privados empresarias, que apenas na aparência se apresentam como interesses públicos!