Resumo

A doença e a hospitalização constituem uma ameaça ao processo contínuo de organização dinâmica do organismo, exigindo um esforço cognitivo e emocional para a integração das novas experiências, visto que debilita as capacidades físicas, psicomotoras, cognitivas e sociais da criança/adolescente. O adoecer produz um rompimento, mesmo que temporário, dos vínculos afetivos devido ao afastamento da família, da escola, dos amigos e consequentemente das atividades lúdicas habituais. São diversas as repercussões psicossociais advindas da internação na medida em que esta mobiliza o medo em relação aos procedimentos médicos, acarreta transformações corporais, alterações nas rotinas e novas exigências em termos de relacionamentos no ambiente hospitalar, dificultando a adaptação ao mesmo. O objetivo que direcionou a busca investigativa de abordagem qualitativa, descritiva consiste em refletir sobre a atuação do pedagogo em instituições não-escolares como a hospitalar, e os novos caminhos para a educação a partir do acompanhamento pedagógico em âmbito hospitalar. Desse objetivo geral, ramificam-se outros que possibilitaram melhor compreensão das realidades em estudo: a) dar voz às crianças/adolescentes enfermos e seus familiares analisar as experiências e vivências destes durante a hospitalização; b) conhecer as percepções das crianças/adolescentes e dos familiares sobre o brincar e a aprendizagem dentro deste contexto. As entrevistas foram realizadas permitindo aos sujeitos da pesquisa a oportunidade de se pronunciar sobre o brincar e a aprendizagem no contexto hospitalar. Verificamos através de suas falas que o brincar é fundamental, pois as crianças/adolescentes relatam que gostam muito de brincar e, segundo seus familiares, o brincar é importante para o desenvolvimento da criança/adolescente. Verificamos, ainda, que as crianças/adolescentes quando estão hospitalizadas sentem falta do brincar e do convívio escolar. Assim, o brincar e a classe hospitalar permitem a criança/adolescente aprender a interagir, ser e reagir frente às diversidades de uma hospitalização e tratamento. Constatamos, então, que brincar torna a hospitalização mais suportável e menos traumática para a criança/adolescente, produz relaxamento, proporciona um meio para aliviar tensão e expressar sentimentos, diminui o estresse da separação e os sentimentos de estar longe de casa, ajudando a criança/adolescente a sentir-se mais seguros em um ambiente estranho, diminuindo ainda, o tempo de hospitalização e consequentemente reduz o índice de infecção hospitalar. Constatamos, ainda, que a classe hospitalar é um espaço educacional que possibilita a aprendizagem e o desenvolvimento da criança/adolescente, fazendo uma mediação entre o hospital, a escola e o paciente, diminuindo problemas de aprendizagem que por ventura estes possam apresentar. E, por fim, constatamos que a mediação do pedagogo pode possibilitar a adaptação, a motivação, e a ocupação sadia do tempo da criança/adolescente através das classes hospitalares e de atividades lúdicas diversas, além de garantir o direito à educação e ao brincar.

Acessar Arquivo