Resumo

O artigo revisita o significado da Copa do Mundo de 1950 para o Brasil, à luz de uma série de crônicas esportivas do escritor José Lins do Rego, publicadas no Jornal dos Sports, entre 1946 e 1950. O argumento procura demonstrar os pressupostos e as motivações que levaram o romancista paraibano a se engajar, por meio de sua coluna diária “Esporte e Vida”, na campanha em prol do Mundial de 1950. Tal engajamento esteve longe de ser uma postura isolada e compartilhou a posição geral do periódico, comandado pelo empresário e jornalista Mario Filho. Em um momento em que as personalidades da política de esportes no Brasil transitavam pelas posições opinativas daquele jornal, de considerável projeção na cidade do Rio de Janeiro, Lins do Rego exercia as funções tanto de cronista quanto de dirigente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Este dado biográfico permite elucidar parte do teor de suas crônicas e explica seu entusiasmo com, pelo menos, três aspectos do torneio: a construção de um estádio público na capital da República; o brio e o orgulho nacional com a capacidade de realização do Mundial de 1950; e o apoio incondicional à performance dos jogadores da Seleção Brasileira, mesmo após a inesperada derrota para os uruguaios.

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