Resumo

A dança dos blocos afro é uma expressão artístico/cultural de grande relevância dentro e fora do carnaval e guarda forte relação com as formas de ser, saber e fazer das pessoas negras. (CONRADO e CONCEIÇÃO, 2020) Caracteriza-se como uma variação da dança afro-brasileira2 e possui especificidade técnica. Atualmente, há produções acadêmicas que a tematizam, bem como aulas e oficinas que compartilham esse saber. O corpo, especialmente o corpo na dança, é presença e potência na luta travada cotidianamente pelos blocos afro e, como argumenta Santos (2019), tem a possibilidade de modificar a realidade. Neste artigo, enfatizamos os processos de aprendizagem na(da) dança dos blocos afro relacionados ao Ilê Aiyê, primeiro bloco afro de Salvador/BA, e o modo como fazem emergir saberes e conexões com a ancestralidade. Apresentamos as relações entre esse bloco, a dança e a luta antirracista e examinamos as práticas de aprendizagem da dança dos blocos afro. Este estudo é parte constituinte de pesquisa de doutorado em curso3 e busca analisar os processos de aprendizagem nos e dos corpos de mulheres negras no contexto do bloco afro Ilê Aiyê. A referida pesquisa toma a aprendizagem como expressão relacional das práticas sociais4 e a etnografia como abordagem conceitual-metodológica. No que diz respeito à dança dos blocos afro, realizou-se uma participação observante, ou seja, uma imersão na prática com o objetivo de compreendê-la. A pesquisa incluiu quatro imersões de campo: 1) dezembro de 2020 a março de 2021; 2) janeiro e fevereiro de 2022; 3) outubro e novembro de 2022; 4) janeiro de 2023.

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