Resumo

O momento histórico atual mostra que existe uma grande atenção por parte dos pesquisadores sobre as questões que envolvem as deficiências e sobre a formação de recursos humanos para atuar com as pessoas que apresentam necessidades educacionais especiais. Hoje sugere-se modificações em nível de programas, metodologias e até mesmo de políticas educacionais, pois esse movimento social carrega em seu bojo as concepções construídas sobre a deficiência. O objetivo deste estudo foi investigar junto aos professores, suas concepções de deficiência; explicitar o significado desse entendimento e esclarecer sobre uma possível relação entre este significado e sua prática na sala de aula com a criança portadora de necessidades educativas especiais. A metodologia pautou-se pela coleta de dados por meio de questionários, com análises quantitativas. Utilizou-se também a entrevista como forma de complementar o estudo, com análises qualitativas sobre as mesmas. Os questionários forma aplicados a professores do Ensino Especial e do Ensino Regular. Participaram da pesquisa quantitativa, cento e setenta e três professores, sendo oitenta e seis da educação especial e oitenta e sente professores do ensino regular. As informações obtidas por meio dos questionários foram organizadas em tabelas e figuras. Foram entrevistados oito professores diferentes daqueles que responderam ao questionário. Suas falas foram analisadas sob o enfoque da metodologia qualitativa, destacando-se os atributos de seu conceito sobre a deficiência. Os resultados avaliados pela análise quantitativa indicaram que os professores participantes dos dois grupos (da Educação especial e do Ensino regular) apresentaram concepções que se assemelham. Os dados mostraram que uma parte dos professores ainda apresenta concepções pautadas no modelo-médico. Apareceram também concepções com características que indicam a necessidade de ajuda ao aluno portador de necessidades especiais; nesse caso, a concepção do professor sobre sua atuação é entendida como um auxílio ou assistência. Para outros professores as concepções indicaram a possibilidade de desenvolvimento das potencialidades da criança (modelo social). As entrevistas apresentaram informações que complementaram aquelas obtidas pelos questionários, mostrando que o professor quer estar com a criança deficiente no apenas porque é seu professor. Suas narrativas indicaram que será necessário observar e preservar aspectos inerentes à pessoa do educador para o trabalho com o portador de deficiências. Suas falas indicaram concepções do ponto de vista do modelo social e funcional para o trabalho com o aluno deficiente. Pontuaram em suas falas a importância do trabalho interdisciplinar, de estudo, além de reflexão e pesquisa pelo professor de alunos portadores de necessidades educacionais especiais. As sugestões, a partir da análise quantitativa e das falas dos professores, encaminharam-se para a necessidade de reavaliar a sua formação de modo que contemple a reflexão desses sobre sua prática e despertar o seu interesse e disposição para atuar como professor-pesquisador. Espera-se que esses resultados possam contribuir para os conhecimentos em Educação Especial, pois permitiram conhecer e compreender as diversas nuances das concepções de deficiência pelos professores como também colabora na discussão das formas de preparação profissional.

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