Resumo

Esse trabalho analisa historicamente o que estamos chamando de ondas de mercantilização do futebol brasileiro, com foco na última onda que se iniciou nos anos 2000, e explorando em detalhes o papel que o sistema de mídia teve na constituição de uma nova economia cultural do setor. Para tal análise, partimos das críticas feitas por Dubal (2010) e Moor (2007) à forma como os processos de neoliberalização e o conceito de comodificação são adotados nos estudos da sociologia do esporte para dialogarmos com a obra do culturalista latino-americano Néstor García Canclini e sua noção de hibridação, o que nos permite, então, abordar essa trajetória de inserção de valores de mercado no futebol como um processo cheio de contradições, conflitos e contestação. Empiricamente, analisamos quatro aspectos tradicionalmente trabalhados nos estudos de economia política do futebol: a) mudanças nas regras dos campeonatos; b) na legislação; c) na arquitetura, atmosfera e administração de estádios; e d) na distribuição das receitas, com os direitos de TV tendo papel central no processo de hipercomodificação do esporte. Finalizamos o artigo analisando as contradições e conflitos que emergiram durante a última onda de mercantilização do futebol brasileiro.

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