Resumo

Data de submissão: 15-02-2006 Data de aceitação: 30-02-2006 I. O neoliberalismo é o modelo que defi ne a economia hodierna, a qual desta forma permite que alguns interesses privados controlem, com mão resoluta, a vida social, visando maximizar o seu lucro pessoal, sob a mão tutelar dos presidentes e governantes norteamericanos e britânicos, nomeadamente a partir de Ronald Reagan e Margareth Tatcher. O neoliberalismo, como doutrina, poucos a conhecem e, quando dele se fala, os “opinion maker’s” escondem a crítica, mesmo a civilizada e suave, no incenso da adoração à liberalização e fl exibilização dos mercados, à competitividade e livre iniciativa empresariais, proclamando, com exuberância emocional, a inutilidade de qualquer socialismo controlador da iniciativa privada e promotor de um movimento ininterrupto de nacionalizações. Demais, “o neoliberalismo actua melhor quando existe uma democracia eleitoral formal, mas desde que a população seja desviada das fontes de informação e dos debates públicos, que habilitam à formação participativa de uma tomada de decisão” (Noam Chomsky, Neoliberalismo e Ordem Global, Editorial Notícias, Lisboa, 2000, p. 9). E assim bem podem repimpar-se, nos seus fofos cadeirões, os que enriquecem à sombra do status quo. Depois de uns minutos de circunspecção, eles fi cam a saber que muitos dos marginalizados, iletrados e acríticos, hipotecariam a alma, por meia dúzia de cêntimos... Após o colapso do “socialismo científi co”, o neoliberalismo triunfou, sem outro modelo político que lhe desse luta. E assim a globalização (que não é necessariamente prejudicial) tornou-se o meio privilegiado de expansão da economia capitalista, se bem que “a liberdade das trocas, da circulação do capital e da especulação fi nanceira, da competição selvagem e da fusão dos mercados num só mercado universal, sendo importantes” não sejam “as únicas dimensões do fenómeno” (António Almeida Santos, A Globalização, um processo em desenvolvimento, Instituto Piaget, Lisboa, 2005, p.44). A globalização, acompanhada da infoglobalização (ou da universalização das informações) chegaram à vida toda de cada um de nós e da sociedade em geral, originando uma crise de tamanha monta, a todos os níveis e estruturas, que não há por aí ninguém que, diante dela, seja capaz de remeterse a um cómodo desdém. Os valores, sempre de pulso forte, que informavam a juventude; os laços comunitários que permitiam uma vida suave e sem solavancos; o patriotismo, como sentimento acrisolado, inultrapassável – tudo isto o vento da globalização levou, ao mesmo tempo que o capitalismo mundializado parece ser o “fi m da História” (Fukuyama). Com os aplausos de Gorbachev, então dono do Kremlin, ao presidente Ronald Reagan – era caso para ponderar: estamos mesmo no “fi m da História”? As democracias, onde o capitalismo actual viceja e onde, portanto, a ortodoxia neoliberal se instala, limitam-se a certos formalismos essenciais, mas que não pretendem desmantelar um mercado, uma publicidade, um marketing, sem escrúpulos, que nos pretendem reduzir a simples espectadores e consumidores. Correu mundo a afi rmação de Margaret Thatcher: “diante da democracia neoliberal, não há alternativa”, retomada, no Brasil, por político de renome: “dentro da globalização não há alternativas e fora dela não há salvação”. Bichanava-lhes ao ouvido, de certo, o velho lema: What’s good for the General Motors, is good for the USA. Ora, se não há alternativa ao A Educação Desportiva Manuel Sérgio Professor aposentado da FMH/UTL-Presidente do ISET (Instituto Piaget-Almada) Sergio, M; (2006). A Educação Desportiva. Motricidade 2 (2): 117-122 117 {Opinião miolon2-vol2b.indd 55 17-07-2006 0:01:31