Resumo

Este texto analisa o discurso que tenta caracterizar a Educação Física no currículo escolar como um meio para remediar o recente fracasso esportivo brasileiro, tornando-a locus para a massificação do esporte e, por conseqüência, momento de descoberta de talentos esportivos que venham a ser atletas olímpicos. Para tanto, nele selecionamos falas de dois dirigentes esportivos de renome nacional que circularam em veículos de mídia impressa. Diante de tais falas, confrontamos os princípios do esporte buscados por tais dirigentes (rendimento, espetáculo, olímpico) com o papel da Educação Física na escola e, a partir daí, com a função social desta, inquirindo: o esporte na/da escola deve preocupar-se em identificar talentos esportivos ou oferecer a apropriação deste fenômeno/conhecimento da produção social e histórica da humanidade? A Educação Física Escolar deve ajudar a formar pessoas que possam usufruir do esporte como um praticante e sujeito ativo, a começar pela sua apropriação, por meio da escola, como um conhecimento elaborado, ou contribuir para formar os não-talentos esportivos (a maioria) em meros consumidores contemplativos dos ídolos esportivos mitificados?