Resumo

Esta Tese apresenta uma compreensão sobre o processo adaptativo da Educação Física (EFi) ao currículo de Escolas Profissionalizantes da Rede Federal. A Tese foi construída a partir da visitação a quatro Escolas Profissionalizantes que, atualmente, compõem o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS): Campus Bento Gonçalves, Campus Porto Alegre, Campus Rio Grande e Campus Sertão. Nas visitações, foi possível encontrar documentos relativos ao ensino ministrado nessas Escolas em diferentes épocas, bem como realizar entrevistas com professores e ex-alunos, além de registrar os espaços físicos e os materiais de apoio didático preferencialmente destinados às aulas de EFi. Todo esse esforço foi empregado com o intuito de reconstruir a história da EFi nessas Escolas. Tal reconstrução foi apresentada em quatro períodos distintos, nos quais, o processo adaptativo da EFi foi analisado pela influência que elementos “externos” (política educacional para a Educação Profissional; marcos regulatórios; formação propedêutica vs. formação profissionalizantes) e “internos” (origem da Escola, cursos ofertados, corpo discente e infraestrutura física) à essas Escolas Profissionalizantes exerceram sobre as características da EFi. O processo adaptativo da EFi às Escolas Profissionalizantes estudadas foi iniciado entre as décadas de 1960 e 1970, quando foram criadas condições para que o modelo de EFi esportivista migrasse das Escolas Propedêuticas para às Escolas Profissionalizantes. Ao longo das décadas que seguiram, o modelo esportivista de EFi - de tradição escolar propedêutica - que migrou não encontrou dificuldades para se adaptar ao currículo dos cursos Técnicos (formados por disciplinas de origem propedêutica e profissionalizante) ofertados durante o dia nessas Escolas. Contudo, encontrou muita dificuldade em se adaptar ao currículo dos mesmos cursos Técnicos ofertados à noite. E, em meados da década de 1990, antes mesmo que essas dificuldades adaptativas fossem contornadas, regulamentações educacionais induziram as Escolas Profissionalizantes a uma divisão em seus currículos: criação de um currículo para o curso de Ensino Médio (com as disciplinas de origem propedêutica) e outro currículo para os cursos Técnicos (com as disciplinas de origem profissionalizante). Nesse contexto, a criação do curso de Ensino Médio nas Escolas de Bento Gonçalves, Rio Grande e Sertão favoreceu a permanência do modelo esportivista de EFi nessas Escolas. Por outro lado, o “ambiente” da Escola de Porto Alegre, com a opção pela preservação de um currículo puramente profissionalizante (somente oferta de cursos Técnicos), tornou-se bastante inóspito para esse modelo de EFi. Alguns anos mais tarde, já no século XXI, novas regulamentações educacionais trouxeram de volta a essas Escolas a possibilidade de oferecer disciplinas propedêuticas e profissionalizantes em um único currículo, porém com outra proposta educacional: os cursos Técnicos integrados ao Ensino Médio. Tais transformações curriculares estão provocando pequenas “mutações” no modelo esportivista de EFi ainda presente nas Escolas de Bento Gonçalves, Rio Grande e Sertão. “Mutações” às quais, de forma semelhante com o que está ocorrendo com a EFi na Escola de Porto Alegre, estão rompendo com o modelo esportivista de EFi; tornando essa disciplina mais teórica e com conteúdos voltados para o cuidado com a saúde do trabalhador em seu ambiente de trabalho. Diante de todo esse contexto, parece cedo para afirmar que características da EFi esportivista vão se modificar e se perpetuar em meio a esse processo de “mutação”. Contudo, não há dúvidas de que um importante processo de “mutação” para a EFi foi iniciado nessas Escolas Profissionalizantes.

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