Resumo

O estudo teve como objetivo analisar a inserção da educação física no campo da atenção básica à saúde no Brasil, a partir de artigos científicos publicados no período entre 2005 e 2015. Para tanto, foram reunidos, por meio da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde e dos Descritores em Ciências da Saúde, artigos científicos que possuíam relação com a temática da educação física na atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS). No total, quarenta estudos responderam aos critérios de inclusão e exclusão e compuseram o banco de dados desta dissertação. A análise dos dados foi realizada com base em três categorias, sendo elas: “A educação física na atenção básica”; “O professor de educação física (PEF) na atenção básica”; e “A formação em educação física para a atuação no SUS”. Os achados indicaram que a inserção da educação física na atenção básica está relacionada ao aumento da morbimortalidade da população brasileira em decorrência das doenças crônicas não transmissíveis e às comprovações científicas, quanto aos benefícios da prática regular de atividade física para a saúde. Neste sentido, a Política Nacional de Promoção da Saúde desempenhou papel fundamental nesta inserção, pois, a partir dela, as práticas corporais e atividades físicas se tornaram um dos temas prioritários na organização e condução de políticas públicas de promoção da saúde no Brasil. Quanto à escolha entre ser ou não fisicamente ativo, a renda, o nível educacional, a ocupação profissional, a falta de suporte social, distância de locais adequados para a prática e a falta de aconselhamento profissional, foram apontados como principais fatores que influenciam a escolha das pessoas em praticar atividade física no tempo de lazer. Neste sentido, as pessoas com menor renda e nível educacional, habitantes de regiões mais precárias e distantes de espaços públicos adequados para a prática de atividades físicas, foram apontadas como as mais propensas ao sedentarismo. No que se refere à atuação do PEF na atenção básica, os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e os programas locais de promoção da saúde e atividade física, como por exemplo as academias da cidade, foram apontados como os principais espaços em que estes profissionais têm desenvolvido suas atividades. Nestes espaços, os estudos indicaram que a formação e condução de classes de exercícios físicos, grupos de ginástica e de caminhada estão entre as principais funções desenvolvidas pelos PEF. Quanto à formação em educação física para a atuação no SUS, os estudos apontaram que existe um distanciamento entre os currículos dos cursos de graduação em educação física e os conteúdos da saúde pública e saúde coletiva. Neste sentido, foi levantado que a carga horária destinada às discussões de temas relacionados à saúde coletiva e ao acúmulo de experiências dos acadêmicos no SUS é insuficiente, ou até mesmo inexistente, na maioria das Instituições de Ensino Superior brasileiras. Desta forma, os PEF que atuam, ou desejam atuar no SUS têm recorrido à pós-graduação e às residências multiprofissionais em saúde, como meio de se qualificar e preencher o vazio deixado pela graduação.

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