Integra

INTRODUÇÃO:

Apesar da prática de natação vir de longa data, somente na década de 1980, o mercado percebeu a potencialidade dos benefícios físicos, sociais e psicológicos que esta modalidade esportiva poderia proporcionar, ocasionando a abertura de um novo mercado e a expansão dos estabelecimentos de ensino da natação (academias, clubes, escolinhas, etc.). Consequentemente ocorreu o aumento do número de professores/profissionais de Educação Física atuando nesta área. Considerando que o planejamento é uma ferramenta fundamental para o professor/profissional atingir os resultados esperados, visto que, nele se estabelece metas, determina - se meios, formas e estratégias, o presente trabalho teve por objetivos verificar nos estabelecimentos que ofereciam natação em Campo Grande - MS, a existência do planejamento das aulas de natação, quem o realizava, com que freqüência, como as turmas eram organizadas.


 METODOLOGIA:

O presente estudo fez parte de um projeto maior, cujos dados foram coletados pelos alunos do 3º ano do curso de Educação Física (turno noturno de 2005) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como parte dos requisitos da disciplina Natação I. A pesquisa teve caráter descritivo-exploratório (Thomas e Nelson, 2002), pois buscou expor fatos ou dados estatísticos à realidade, e podendo, através destas informações solucionar problemas e melhorar práticas. Dezesseis estabelecimentos (academias, clubes e escolas) que ofereciam o ensino da natação na cidade de Campo Grande - MS, durante o segundo semestre de 2005, foram objeto de investigação. A coleta dos dados foi realizada por meio de um roteiro de observação do local e por questionário e entrevista semi-dirigida com os ministrantes das aulas e coordenadores da atividade. Para realização deste trabalho foram selecionadas somente as questões relacionadas ao planejamento das aulas de natação (existência de planejamento, quem faz, com que freqüência e a forma de organização das turmas).


 RESULTADOS:

Após análise dos dados verificou-se que o planejamento das aulas de natação era realizado em 87,5% dos estabelecimentos pesquisados e em 12,5% deles não havia esta preocupação. Entre os que realizavam o planejamento, 85,8% eram elaborados pelos ministrantes das aulas de natação, em 7,1% pelos proprietários/responsáveis e 7,1% pelos coordenadores. Quanto à freqüência com que era realizado o planejamento, 57,2% dos entrevistados afirmaram elaborá-lo semanalmente, 28,6% disseram fazer mensalmente, 7,1% quinzenalmente e 7,1% diariamente. Vale ressaltar que dos 16 profissionais que ministravam o ensino da natação, 87,5% eram formados e 12,5 eram acadêmicos de curso de Educação Física, os quais realizavam essa tarefa como trabalho e não como estágio supervisionado. Quando questionados sobre como eram organizadas as turmas, os respondentes foram unânimes em afirmar que eram os clientes que escolhiam a turma conforme a sua disponibilidade de horário.


 CONCLUSÕES:


Diante dos resultados obtidos constatou-se que na maioria dos estabelecimentos havia a preocupação com o planejamento das atividades a serem desenvolvidas a seus clientes, o que demonstra responsabilidade e compromisso por parte deles com o aprendizado do aluno, de forma eficaz e coesa; porém preocupa o fato de que 12,5% dos estabelecimentos não tenham a sistemática de planejar as atividades didáticas que desenvolvem. Quanto à freqüência com que era realizado o planejamento, observa-se que nenhum dos participantes comentou sobre a elaboração anual, onde geralmente está exposto o eixo central da prática pedagógica. Considerando que as aulas aconteciam, em geral, de duas a três vezes por semana, a realização do planejamento quinzenal, semanal e diário pode ser considerado adequado para realizar possíveis correções no processo de ensino e de aprendizagem. Entre os 28,6% que disseram fazer mensalmente sugere-se que o processo de avaliação seja ao menos quinzenal. Incoerentemente com todo o processo educacional, a organização das turmas não seguia nenhum critério pedagógico, mas sim mercantilista; isto porque possibilitava ao aluno a matrícula em turmas conforme a sua disponibilidade de horário. Este fato faz com que o professor/profissional tenha que atuar com alunos em diferentes faixas etárias e fases de aprendizagem, o que favorece um baixo comprometimento com as especificidades de cada aluno.