Resumo

Está retornando o interesse pela escola de tempo integral, depois de muitas peripécias, desde a proposta mais densa de Darcy Ribeiro (os CIEPS do Rio de Janeiro), passando pelas veleidades do governo Collor (CAICS), até tentativas atuais incipientes (Coelho, Cavalieri, 2002). As argumentações variam muito, desde as mais utilitárias (ficar com a criança o dia todo para liberar os pais para o trabalho) e ainda assim muito relevantes, até as mais consistentes, que consideram educação de tempo integral um direito da cidadania, em especial da população mais pobre. Neste sentido, em geral escola de tempo integral é proposta da rede pública, apresar dos custos, que a escola particular não parece ter a intenção de assumir. A Argumentação mais vazia, entretanto, é aquela mais tradicional e instrucionista, que busca aumentar o tempo de escola para dar mais aula. Segue-se aí uma tendência da LDB que, em vez de cuidar da aprendizagem dos alunos, apenas aumentou o tempo letivo para 200 dias e de nada adiantou (Demo, 1997; 2004). Este texto preliminar tem esta preocupação mais central: não vale a pena aumentar o tempo de aula; é preciso, isto sim, aumentar a oportunidade de aprender. Nossos alunos aprendem tão pouco, não é, acima de tudo, porque têm pouco tempo de aula, mas porque assistem aulas instrucionalistas que dificultam a aprendizagem. O tempo, ainda que curto, é desperdiçado com aulas copiadas feitas para aluno copiar e, se isso não bastasse, para devolvê-las copiadas na prova, de tal sorte que, aumentando essas aulas, estaríamos aumentando o reprodutivismo (Demo, 2004a)
 

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