Resumo

Este trabalho tem por objetivo descrever e analisar o processo de construção do pensamento conceitual em alunos de classe especial considerados deficientes mentais, à luz de pressupostos fundamentados na abordagem construtivista-interacionista, particularmente no paradigma sócio-histórico elaborado a partir dos trabalhos de Vygotsky e colaboradores. Esta proposta se baseia, essencialmente, na premissa de que o desenvolvimento mental necessita da interação do sujeito com o meio, ou seja, é na dinâmica desta interação que se constrói a inteligência. A metodologia utilizada foi o método clínico de Piaget e a análise de dados se baseou nos resultados obtidos com a aplicação de exercícios operatórios de desenvolvimento cognitivo e de classificação, tomando como categoria de análise os estágios de pensamento conceitual formulados por Vygotsky ,Os resultados obtidos mostram que os sujeitos em estudo apresentam um desempenho abaixo do socialmente esperado, considerando-se a idade cronológica em que se encontram e o tempo de escolaridade que possuem em classe especial. Contudo, não se pode afirmar que esses alunos sejam deficientes mentais, podendo-se, no entanto, questionar se a solicitação do meio escolar tem sido adequada para que os mesmos sejam capazes de desenvolver estruturas lógicas operatórias. Neste sentido, fatores estruturais da classe especial, como também e, sobretudo, fatores internos à própria escola, notadamente pelas dificuldades do professor em atuar como mediador do conhecimento na relação com o aluno, produzem e fortalecem estigmas sociais. Tal situação aponta para a necessidade de revisão dos processos e da prática pedagógica na escola.

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