Resumo

Muitas vezes, o critério para garantir uma melhor qualidade de ensino na educação física está associado ao número de espaços desportivos disponíveis aos alunos e às alunas e dos materiais necessários para sua prática. Se, por um lado as condições objetivas, como espaços adequados e materiais, são importantes para a o ensino dos desportos, por outro os elementos simbólicos no interior da cultura escolar não têm permitido uma utilização equilibrada e justas desses. Este estudo teve como objetivo fazer uma análise comparativa entre nove escolas da rede pública de ensino e nove da rede privada no que diz respeito às práticas de lazer no âmbito do recreio. O registro desse cotidiano foi feito através da fotografia. Foram tiradas 432 fotografias. Cada cotidiano foifotografados em dois dias diferentes. Para análise e interpretação dos textos, foifeitoum diagrama das relações espaciais. Apesar das condições objetivas, para a prática desportivas, serem distintas, as escolas privadas possuem melhores infra-estruturas, não houve diferenças significativas entre esses dois contextos. Aqueles espaços privilegiados para essa prática são disputados apenas por alguns alunos. Aqueles grupos formados pelos alunos e alunas mais novos, mais fracos, menos violentos, menos adiantados e pelas meninas em geral são excluídos do direito ao lazer desportivo. Nesse sentido, parece que as diferentes escolas não conseguem interpretar o papel importante que o recreio tem na formação de subjetividades sensíveis às relações justas no âmbito do lazer. A exclusão banaliza-se e ensina para todos aquilo que é necessário que aconteça dentro e fora da escola para que alguns grupos tenham um maior acesso às práticas desportivas consolidando assim, seu poder e sua hegemonia.