Resumo

Testar os fatores que limitam o desempenho permite contribuir para o direcionamento da pesquisa básica e aplicada na busca de entender os motivos pelos quais humanos param de realizar exercício. O presente estudo comparou a capacidade do sistema neuromuscular em produzir trabalho mecânico durante um exercício máximo imediatamente após o fim de tarefas de alta intensidade e média duração aberta e fechada, sem conhecimento prévio deste exercício até seu momento de realização. Após a primeira etapa de ambos os estudos, onde todos voluntários realizaram teste incremental máximo em ciclossimulador, vinte ciclistas participaram do estudo 1 e dezoito voluntários saudáveis participaram do estudo 2. A segunda etapa do estudo 1 consistiu na realização de dois testes de tomada de tempo de 5 quilômetros (TT5KM) realizados em máximo desempenho possível, com execução de tiro máximo de 10s (TMAX) imediatamente após o final do segundo TT5KM, desconhecido pelos atletas até o momento de sua execução. A segunda etapa do estudo 2 consistiu em quatro sessões de exercício de carga constante (TCONST) na intensidade de 80% da potência máxima obtida no teste incremental máximo da primeira etapa, sendo o primeiro até a exaustão, e as demais sessões foram TCONST submáximos com duração de 25, 50 e 75% do tempo de exaustão obtido no primeiro TCONST, realizados de forma aleatorizada. Imediatamente após a exaustão no primeiro TCONST foi realizado um teste de cadência máxima de 10 segundos (RMAX), desconhecido pelos voluntários até o momento de sua execução. Este mesmo protocolo foi realizado nos demais TCONST submáximos, e as potências médias obtidas dos RMAX serviram para calcular o tempo de exaustão predito por meio de regressão linear. Foram monitoradas durante todos os testes a potência, a cadência, a frequência cardíaca e a percepção subjetiva de esforço. Durante o TCONST até a exaustão e nos TT5KM também foi monitorada a atividade eletromiográfica do quadríceps (QEMG). As médias das variáveis foram calculadas em parciais e total de cada teste. No estudo 1, não houve diferença significante entre a potência média obtida nos 5 segundos finais do segundo TT5KM (PO5s) e a obtida do TMAX, porém a QEMG de TMAX foi significantemente maior em relação à obtida em PO5s. Apesar de ausência de diferença significante na potência média, 11 dos 16 ciclistas que executaram TMAX obtiveram uma potência média igual ou maior que a obtida no PO5s. No estudo 2, a potência média e a QEMG foram significantemente maiores no RMAX em relação à potência média requerida TCONST até a exaustão. Os resultados sugerem que a fadiga neuromuscular parece não ser a principal limitante do desempenho em exercício de ciclismo de alta intensidade e média duração, principalmente de circuito aberto, visto a possibilidade de desempenho neuromuscular superior imediatamente após a exaustão nesta modalidade de exercício.

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