Resumo

As universidades públicas sempre possuíram autonomia para elaborarem seus currículos adequando-os ao contexto em que se inserem, ainda que regidas por resoluções externas. A formação do profissional da educação física foi, ao longo dos anos, tema de diversas discussões que versaram sobre os objetivos a serem traçados, o perfil do profissional, os espaços de atuação do mesmo, entre outros. Discussões acerca da divisão da formação em educação física entre licenciatura e bacharelado ocorreram para adequar às demandas de mercado a formação inicial. Desejada por alguns e criticada por outros, tal separação delineou a configuração dos diferentes cursos de educação física nas diversas regiões do Brasil, já que houve o crescimento exponencial no oferecimento destes. Observando o lado positivo deste desenvolvimento, sabemos que diversas pessoas passam a ter acesso à formação inicial em educação física. Em meio a este crescimento, outros assuntos foram incluídos, em se tratando do currículo de formação nesta área, dentre eles, o atendimento da pessoa com deficiência passou a pertencer aos estudos dos graduandos em educação física, independentemente da formação oferecida pela faculdade ¿ licenciatura ou bacharelado. O que nos propusemos a estudar foi a percepção que estes alunos possuem sobre sua própria formação em educação física para atuar com a população com deficiência. A pesquisa é caracterizada como qualitativa de cunho descritivo, tendo como sujeitos estudantes que estavam finalizando o curso de graduação em Educação Física, independente da formação escolhida (licenciatura ou bacharelado), de três unidades de ensino superior, totalizando 176 sujeitos. Observou-se a tendência de se separar as atividades de acordo com a população à qual ela se destina, às pessoas com deficiência ou a todos. Isso segue a estruturação do ensino superior que oferece disciplinas específicas sobre este grupo, já que ainda se faz necessário um momento destinado a estas reflexões. Isso, porém, já demonstra sinais de superação, pois se observou que diferentes disciplinas (não específicas) abordam a temática envolvendo a pessoa com deficiência, ainda que de maneira tímida. Isso auxilia no aprofundamento das discussões teóricas e práticas, tanto que este fator foi indicado pelos discentes como algo que deve ser estimulado e crescente dentro das unidades. Os projetos de extensão oferecidos e procurados por diversos alunos, contudo, nem todos conseguem participar destes, já que apontaram que se engajam em outros espaços que não possuem pessoas com deficiência frequentando, ou não conseguem organizar seu tempo dentro das tarefas da faculdade e trabalho para aproximarem-se desses espaços de experiência prática. O contato com a pessoa com deficiência se apresentou em diversos momentos como fator dificultador da prática, como limitador do trabalho e como algo que necessita ser repensando nas disciplinas específicas que podem oferecer mais espaço para este contato, minimizando receios e entraves para a atuação profissional. Notou-se que os discentes possuem a compreensão da área da Educação Física Adaptada, pois os comentários feitos estão de acordo com o que é encontrado na literatura, porém, ainda sentem a necessidade de se aproximar deste público ao longo da graduação, espaço no qual poderão atuar com supervisão e sanar dúvidas de maneira ágil, o que pode ser feito via disciplinas específicas, não específicas e projetos de extensão.

Acessar