Resumo

O objetivo deste trabalho é analisar as relações presentes entre o processo de formação inicial e atuação do professor de Educação Física da RME/Belém e sua organização do trabalho pedagógico para o ensino da Educação Física na Educação infantil. Este estudo está amparado pelo referencial do método materialista histórico-dialético, cujos subsídios parte da apreensão das múltiplas determinações da realidade para a construção de uma nova síntese. A pesquisa de campo foi o ponto de partida para o procedimento metodológico, em que a coleta de dados foi feita por meio de entrevistas semi-estruturadas aos professores de Educação Física que atuavam na Educação Infantil até o ano letivo de 2009, último ano que a disciplina fora ofertada na RME. A seleção dos professores ocorreu segundo alguns critérios: primeiro, a representatividade por área de abragência (distrito/bairro); segundo, a condição funcional do professor na SEMEC, ser efetivo; e terceiro, disponibilidade de tempo para o envolvimento com o estudo, perfazendo um total de 8 professores. A interpretação de dados foi realizada a partir da análise das categorias analíticas e empíricas do estudo, a fim de se formular uma nova síntese do objeto em questão. Identificou-se com a coleta de dados, que a concepção dos professores sobre o que é ser criança, parte da compreensão de um sujeito que está a vir a ser, e que no processo de ensino-aprendizagem possui autonomia e liberdade para sua autoeducação. Em relação aos estudos sobre temáticas relacionadas à criança, infância e Educação Infantil, percebeu-se a ausência destas no processo de formação inicial e continuada dos professores, os quais aprenderam, até hoje, sobre as temáticas por buscas pessoais. A respeito da organização do trabalho pedagógico, os professores possuem muitas limitações ao definir os pares dialéticos dessa organização: objetivos/avaliação e conteúdo/método prevalecendo conhecimentos privilegiados da concepção da aptidão física, evidenciando que existe o esvaziamento do trabalho, que implica diretamente na formação do homem. Em relação à política educacional da SEMEC, os professores apontam que existe uma secundarização no trato com o conhecimento relacionado à Educação Física e Educação Infantil, bem como, uma postura de desvalorização do magistério, que são materializadas pelas posturas autoritárias da atual gestão da SEMEC. Para a superação dessa realidade de autoritarismo e de formação acrítica e a-histórica dos indivíduos desde a tenra idade, demandas da reestruturação produtiva do capital, aponta-se como possibilidade uma formação educacional que rompa com as concepções pós-modernas que negam o ato de ensinar. Defende-se, portanto, uma formação que parta dos preceitos das concepções histórico-cultural, histórico-crítica e da Cultura Corporal, por estas sustentarem o compromisso político-pedagógico para com a formação humana dos indivíduos das camadas populares.

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