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Introdução

O período pré-escolar deve preparar as crianças para a escola. Neste artigo iremos abordar a importância não só de prepará-las para a escola bem como vivenciar o presente, pois a primeira infância é um período da vida onde se pode viver muito intensamente.

Destacaremos o brincar como o fator principal para o desenvolvimento da criança pequena para sua totalidade.

A educação física pré-escolar dá a criança o direito a um desenvolvimento integral e harmônico, dando-lhe espaço para que desenvolva, primeiramente na área motora e conseqüentemente na cognitiva, social e emocional.

O primeiro momento da criança na pré-escola

Nos dias de hoje é cada vez mais freqüente a inserção da criança pequena no contexto da educação infantil, tendo como finalidade o seu desenvolvimento, sobretudo relacionado com o preparo que ela deve ter em relação ao mundo globalizado.

Sendo assim ao procurar uma instituição de educação infantil, o adulto preocupa-se com aquelas atividades ditas escolarizantes, entendendo que, assim a criança estará sendo preparada para enfrentar os desafios impostos pela sociedade.

A idade pré-escolar é considerada a fase áurea da vida, em termos de psicologia evolutiva, pois é nesse período que o organismo se torna estruturalmente capacitado para o exercício de atividades psicológicas como, por exemplo, o uso da linguagem articulada.

Quase todas as teorias do desenvolvimento humano admitem que a idade pré-escolar é de fundamental importância na vida humana por ser o período em que os fundamentos da personalidade do indivíduo começam a tomar formas claras e definidas.

Fatores que influenciam a inserção da criança na pré-escola

Devemos levar em conta que a criança inserida no contexto pré-escolar nem sempre terá uma aceitação por ela, podendo gerar muitas vezes angústia, ansiedade, insegurança e sentimentos observados no adulto. Sendo assim o professor deverá proporcionar a criança um ambiente "familiar" de comunicação infantil, entre as crianças e destas com os adultos.

Por isso que entendemos a brincadeira como uma das linguagens utilizadas pela criança desde a mais tenra idade, através da atividade lúdica podendo auxiliar sua inclusão nesse contexto, de modo a fornecer-lhe um ambiente propício no que tange a sua linguagem de comunicação, bem como facilitar o processo de permanência em um ambiente onde sente-se acolhida e respeitada.

O papel do jogo na educação das crianças

O jogo permite uma assimilação e apropriação da realidade humana pelas crianças já que este não surge de uma fantasia artística, arbitrariamente construída no mundo imaginário da brincadeira infantil; a própria fantasia da criança é engendrada pelo jogo, surgindo precisamente neste caminho pelo qual a criança penetra na realidade.

Aos olhos de um observador desatento apenas brincadeiras, coisas sem importância. Aos olhos de um pesquisador, ou de um educador, tantas coisas importantes estão ocorrendo. Como o fato de que, nem sempre as brincadeiras são levadas em conta pelo currículo pré-escolar e quando são, aparecem apenas como recreação ou possibilidade de desgaste de energia para que, em sala, as crianças possam concentrar-se em atividades didáticas dirigidas. A questão é como levar em conta o jogo infantil ao serem elaborados planos pedagógicos pré-escolares. Ou seja, como transformar o jogo infantil em recursos pedagógicos pré-escolar em construção de conhecimento pelas crianças e como instrumento de organização autônomo e independente das mesmas.

O egocentrismo

Com a permanência da criança na pré-escola é observável a sua autocentração, que é uma centração da criança nela mesma, chamada por Jean Piaget de egocentrismo.

Este é um aspecto que vai sendo modificado pouco a pouco, dando a liberdade e o ambiente de sua casa não comprometendo-a física e intelectualmente ela chegará ao 1° grau razoavelmente socializada e estabelecendo relações de troca com seus colegas de turma na escola.

Teorias da importância do brincar

Froebel (1782-1852) dá uma acentuada importância à criança, a seus interesses e atividades e valorizam sua liberdade de expressão que pode acontecer por meios de brincadeiras livres e espontâneas, que segundo ele, devem ser realizadas em cooperação com os outros, em trabalhos de que todos participem. Entende que é por meio do brinquedo que a criança adquire a primeira representação do mundo.

Wallon defende que o brincar e o brinquedo participam, juntos, na estruturação do Eu e na aprendizagem da própria vida, no desenvolvimento afetivo, motor, intelectual e social. O brinquedo, nessa perspectiva é vista como um meio que possibilita à criança conhecer e analisar o mundo e construir sua personalidade. A organização do espaço e a disponibilização do material são elementos fundantes para que a fluidez das emoções e do pensamento aconteçam e necessário para o desenvolvimento da pessoa completa.

Vygotsky (1988) aponta o brincar como meio para criar situações simbólicas predominantes na primeira infância e que configuram o desenvolvimento dos processos psicológicos e a inserção social e cultural da criança. O brincar assume uma função fundamental no desenvolvimento do comportamento infantil pela criação da situação imaginária, considerando que o que passa despercebido na vida da criança torna-se regra de comportamento na brincadeira.

Piaget (1860-1980) baseia-se na idéia da criança pesquisadora/exploradora que constrói o seu conhecimento pela experiência. Dá ênfase ao processo de interação indivíduo-ambiente, procurando compreender os mecanismos mentais que o indivíduo utiliza para captar o mundo. O desenvolvimento cognitivo individual se dá por constantes desequilíbrios e equilibrações causadas por mudanças internas do indivíduo ou do ambiente. O equilíbrio ocorre por assimilação, ou seja, o indivíduo as estruturas que já tem para entender as demandas, ou por acomodação, isto é, modificam-se as estruturas internas com a nova situação. Entende a criança como "sujeito", atribui importância aos processos internos sem os quais o ambiente se torna ineficaz. Rejeita a concepção meramente "acumuladora" da aprendizagem: esta é produzida não através de seqüências ordenadas em cada capacidade, mas de conexões esquemas mentais.

Pesquisas recentes

Descobertas mais recentes no campo da neurologia - a ciência que estuda o cérebro - nos mostram que o brincar é fundamental para o desenvolvimento humano. Em uma situação do cotidiano, por exemplo, quando o adulto coloca um objeto à frente do bebê, o esforço realizado por ele,faz com que em seu cérebro formem-se novas conexões (sinapses), que depois serão acionadas para atividades que envolvam o tipo de movimento realizado.

Tal pesquisa nos mostra que quanto mais a criança brinca, corre, pula, canta, mais sinapses se forma em seu cérebro. Mudanças físicas no cérebro são provocadas: ele, literalmente, cresce. Tal descoberta nos leva a refletir que a modificação do cérebro se realiza a partir da interação da criança com o ambiente, com outras pessoas, em suas atividades lúdicas e não apenas em conseqüência de carga genética que são transferidas de pai para filhos.

Através disto observamos que os esquemas mentais desenvolvidos pela criança são conseqüências de suas experiências vividas, das relações e interações com o mundo.

Conclusão

Conforme vimos, o esquema corporal é o resumo e síntese de toda a experiência corporal no mundo. É pelo esquema corporal que a criança vai conseguindo realizar movimentos cada vez mais ajustados e criadores e pelos quais fica apta a descobrir o mundo que a cerca e a envolve.

A educação física adquire um papel importantíssimo à medida que ela pode estruturar um ambiente adequado para a criança, oferecendo experiências, resultando numa grande auxiliar e promotora do desenvolvimento humano.

Conclui-se que, "o brincar" é o ato de movimentar-se e é de grande importância biológica, psicológica, social e cultural, pois é através da execução dos movimentos que as pessoas interagem com o meio ambiente, relacionando-se com os outros, aprendendo sobre si, seus limites capacidades e solucionando problemas. Pois é comum encontrar indivíduos que, não atingiram padrão maduro nas habilidades básicas, nas quais apresentam um nível inicial ou elementar, o que prejudicará todo desenvolvimento posterior, ressalta-se assim, a preocupação que os profissionais de educação física deveriam ter em relação ao conhecimento sobre a aquisição e desenvolvimento dos padrões fundamentais de movimento, elegendo-o como foco principal para o desenvolvimento da educação física pré-escolar e séries iniciais no ensino fundamental.

Referências bibliográficas

  •  Freie, João Batista. Educação de Corpo Inteiro. São Paulo: Scipione.1997.
  • Fonseca, Vitor da. e MENDES, Nelson. Escola, Escola, Quem És Tu? Perspectivas Psicomotoras do Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artes Médicas. 1987.
  • Fonseca, Vitor da. Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes. 1983.
  • Criar Revista da Educação Infantil (Revista). Ano 1. número 02. março/abril/05.
  • www.crmariocovas.sp.gov.br - acessado em: 02/05/2005.
  • www.cdof.com.br/escola.htm - acessado em: 02/05/2005.