Resumo

Este trabalho investiga a presença da Dança na Escola de Educação Física da UFMG, de 1952 a 1977. Seu propósito é dar visibilidade à Dança na formação de professores de Educação Física, nas circunstâncias que envolveram a Escola no período analisado. Trata do movimento de constituição da Dança como prática integrante do currículo deste curso, em seus diversos tempos/espaços de formação. Este estudo (monografia) foi pré-requisito para obtenção do título de Licenciatura em Educação Física. Como fontes, foram utilizados documentos encontrados no CEMEF e na Seção de Ensino da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG. Privilegiaram-se os relatos orais de dona Maria Yedda Maurício Ferolla, primeira professora de Dança da Escola, também obtendo-se importantes documentos relativos ao seu trabalho. No período considerado, a Dança teve presença marcante nos principais eventos ocorridos na Escola, que promoveu um intenso movimento, objetivando sua consolidação frente à sociedade belorizontina, vivendo momentos de dificuldade e de afirmação social. Para tanto, algumas iniciativas foram significativas. De 1957 a 1962, a Escola realizou cinco edições da “Jornada de Estudos”, nas quais se constata a realização de três cursos na área de Dança, destacando nestes a dança folclórica. A Escola também publicou, de 1957 a 1959, quatro edições do jornal oficial chamado “Educação Física”. Apesar de prevalecerem os artigos que enfatizam o esporte e a ginástica, nota-se a presença de cinco artigos referentes à Dança, que tratam de seu ensino às crianças, além da formação específica de professoras para tanto (sintomaticamente excluindo os homens desta formação). No período estudado, o currículo era dividido por gênero. Assim, de 1952 a 1968, as práticas de Dança eram exclusivas para mulheres, estando presentes nas disciplinas “Ginástica Rítmica” e “Danças”. A partir da reforma curricular de 1968, a disciplina “Rítmica” passou a tratar da Dança, sendo que nesta os homens participaram. Contudo, observa-se a manutenção de padrões sexistas, já que as mulheres aprendiam os movimentos culturalmente relacionados ao feminino, e os homens realizavam aqueles que reafirmassem sua masculinidade. Por isto, não houve, por parte deles, resistência significativa. Nas disciplinas citadas, os elementos trabalhados foram: história da Dança, teoria musical, planos e direções, rítmica, regência musical, percussão e, principalmente, dança moderna, interpretativa e folclórica. A partir das fontes analisadas, registrou-se mais de cem danças, sendo que parte delas (a moderna, por exemplo) não era ensinada aos homens. Em síntese, no período estudado, a Dança ampliou consideravelmente sua presença em práticas do curso de Educação Física na UFMG, curriculares ou não, obtendo visibilidade crescente, que a levaria, em 1977, a consolidar-se definitivamente como disciplina do programa, chamada “Dança Elementar”, obrigatória para homens e mulheres.

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