Resumo

Este estudo procura compreender como as mulheres transitam pelas instituições gestoras do esporte brasileiro, articulando saberes e ascendendo nas relações de poder entre os gêneros. Busca-se analisar e interpretar a inserção e permanência de mulheres nos cargos de comando, bem como revelar os desafios e barreiras que elas enfrentam para ocupar e se manter na carreira. A fundamentação teórica nos permitiu trabalhar a partir de temas com o do imaginário sobre a participação feminina no espaço público e privado, da construção da identidade feminina no campo da política e da mulher executiva no mercado de trabalho. Utilizamos o referencial de autores que discutem as estruturas de exclusão, poder e sua reprodução através de perspectivas simbólicas, BOURDIEU (1989), FOUCAULT (1979),ELIAS e SCOTSON (2000) e CHAUÍ(2004).Para a coleta de dados, optou-se inicialmente pela realização de um levantamento de dados no Ministério dos Esportes (ME), Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e suas entidades esportivas, com a intenção de mapear a participação feminina na gestão do esporte brasileiro. Utilizou-se também de entrevistas com onze gestoras que ocupam cargos na administração do esporte de alto rendimento, considerado de hegemonia masculina. O levantamento realizado demonstrou que, a participação das mulheres na liderança dos principais órgãos da gestão esportiva brasileira, representa 7,5% dos cargos previstos, com 61 cargos ocupados pelas mulheres dos 813 cargos mapeados em todos os órgãos. A análise do discurso das mulheres revelou uma das hipóteses da pesquisa acerca do poder limitado das mulheres, que fazem opções objetivas na carreira para buscar equilíbrio entre a administração doméstica e a vida profissional. O perfil deste grupo de mulheres revela que sua inserção no campo da gestão do esporte de alto rendimento ocorre através de convites, apadrinhamentos e nomeação. A permanência e variabilidade nos diversos cargos que ocupam demonstra que estão prontas para liderar junto com os homens o esporte no País; são profissionais experientes, autônomas e conhecedoras de toda burocracia do trabalho. A ascensão dependerá do reconhecimento social do trabalho das mulheres e seu engajamento na modernização das normas gerontocráticas das entidades esportivas que barram
a entrada dos novos ao grupo dos estabelecidos, independente do sexo

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