Resumo

Esta dissertação busca compreender como são veiculadas as notícias das mulheres futebolistas no ciberespaço, mais especificamente, no webjornalismo (Globoesporte.com). Visa também descrever as maneiras pelas quais o público leitor interpreta os discursos midiáticos e interage entre si e com as reportagens sobre as mulheres no futebol. Partimos de uma perspectiva teórica metodológica pós-estruturalista, presumimos que os discursos midiáticos são construídos de maneira atender interesses generificados na veiculação das notícias de homens e mulheres no futebol. Para atender a esses objetivos utilizamos a etnografia virtual. O período de coleta dos dados ficou compreendido entre Abril e Junho de 2015, na medida em que abarcou importantes campeonatos de mulheres com visibilidade nacional e internacional, como o Campeonato Paulista, os Jogos Pan-Americanos e a Copa do Mundo FIFA. As reportagens publicadas no site Globoesporte.com sobre as mulheres no futebol e selecionadas pelo estudo foram trinta e quatro e os comentários totalizaram seiscentos e doze. O material empírico foi analisado a partir de três temáticas, a saber: Feminilidades em jogo: imagens e discursos (midiáticos) no futebol de mulheres; Impedimentos de gênero: quando será a vez delas? e “Desenvolvimento do futebol feminino”: agendas para as mulheres. Essas temáticas foram atravessadas pela Interpelação. De maneira geral, verificamos que os discursos midiáticos e a maioria dos comentários são performativos, ou seja, são construídos e constituídos socialmente através de atos reiterados na cultura. Essa repetição estabelece normas cristalizadas sobre corpo, sexualidade, feminilidade e identidade de gênero para as jogadoras de futebol presentes nas reportagens, valorizando a beleza física das atletas quando essas atendem determinados traços corporais. Também reforçam a hierarquia de gênero, através da valorização de títulos conquistados por técnicos homens, e opiniões de “especialistas” que mantém o status quo no qual as mulheres ocupam lugares inferiores aos homens, tanto no que concerne às habilidades para o jogo quanto para a ocupação de cargos de gestão esportiva. Apesar de destacar em seu discurso as agendas e projetos a curto prazo que visam o desenvolvimento do futebol de mulheres no Brasil, percebemos que o próprio globoesporte.com traz as notícias delineadas de pré julgamentos e preconceitos e que muitas vezes não fazem jus às conquistas das atletas, invisibilizando e enviesando informações acerca do futebol praticado por mulheres. Também em alguns momentos o Globoesporte.com “erra o alvo”, deixando de corresponder às expectativas dos/as leitores/as, que cobram por mais informações acerca do futebol de mulheres. Concluímos que a desconstrução acerca das mulheres no futebol deve ser feita através das mídias paralelas, bem como através das redes sociais, que se constituem na atualidade importantes ferramentas de disseminação de informações e através das quais, usuários e usuárias possuem mais liberdade de comunicação e expressão. Além disso, pesquisadoras e pesquisadores devem se mobilizar para além do ambiente acadêmico, buscando debater suas pesquisas com a sociedade, sensibilizando um maior número de pessoas à sua volta.

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