Integra

Penso quer a MP 841 é apenas a primeira das várias medidas governamentais destinadas a reduzir - até o ponto de praticamente extinguir - o volume de recursos estatais no esporte, pois, tendo em vista a lei do teto de gastos, que proibiu o aumento de despesas do governo, e a demanda da sociedade pela priorização de gastos em outras áreas, especialmente segurança, saúde e educação, o Estado será obrigado a remanejar recursos de certas áreas para investir em outras.

Como esporte, cultura, meio ambiente, direitos humanos, etc são, na visão do governo, menos prioritárias do que segurança, saúde e educação, por exemplo, acredito que a luta dos atletas e dos dirigentes, embora, de certa forma, seja justa e compreensível, será inócua, ao menos enquanto durar o teto de gastos.

Por isso, faz tempo que defendo a necessidade de o setor esportivo aprender a sobreviver sem recursos estatais. Obviamente, será muito mais difícil do que viver com dinheiro público, mas acredito que não há escolha a ser feita, pois, de fato, não vejo como o esporte pode ter mais dinheiro estatal do que teve na década dos grandes eventos esportivos no Brasil (2007 a 2016).

Redigir projetos que atraiam a iniciativa privada, conseguir obter verbas não-estatais e seduzir outros atores sociais diferentes do Estado a financiar o esporte é, na minha visão, o grande desafio de dirigentes e administradores esportivos em um futuro próximo. Quem demorar mais tempo a entender, aceitar e se adaptar a essa realidade ficará no final da fila quando o cenário for totalmente diferente do atual.