Resumo

A área da pesquisa ligada ao esporte para as pessoas com deficiência tem um histórico relacionado às perspectivas de reabilitação e treinamento físico, mas que, no entanto, tem apresentado uma mudança nos objetivos condicionados a esses processos, a partir da incorporação do objeto pela área das ciências sociais em função da pluralidade de temas que se originam a partir do fenômeno cultural do esporte. Gradativamente, percebe-se uma série de medidas governamentais que visam assistir esses indivíduos, condições de igualdade em diversos segmentos da sociedade para que possam suprir as suas necessidades na plenitude. No campo educacional, observamos a meta 4 do PNE, que visa assegurar o acesso da pessoa com deficiência à rede regular de ensino. Desse modo, considerando a criação do sistema de cotas para a pessoa com deficiência, em 2016, nos processos de seleção do IFPR, estabelecemos como objetivo principal do nosso trabalho: verificar como se constitui a oferta do esporte para a pessoa com deficiência no IFPR, campus Paranaguá. Visando atingir o objetivo proposto, o presente estudo é uma pesquisa qualitativa, de cunho descritivo e analítico, com as informações orientadas a partir de uma revisão histórica da legislação esportiva no país e dos seguintes documentos: site da Rede Federal EPCT, Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFPR (2014-2018), Projeto Político Pedagógico (PPP) do campus Paranaguá e os Planos de Ensino Curriculares da Educação Física (PECEFs). Para subsidiar a análise, utilizamo-nos dos pressupostos teórico-metodológicos de Pierre Bourdieu a partir da Teoria dos Campos que nos possibilitou identificar as estruturas e os agentes inseridos no processo e, também, do conceito de Violência Simbólica, que, a partir dos enunciados do autor, afirmam que o sistema de ensino tende a reproduzir a cultura de classe dominante, legitimando-as através de mecanismos de dominação oculta. A partir das informações encontradas, foi possível identificar os agentes e as instituições que compõem o subcampo do esporte escolar, bem como verificar a imposição de uma cultura dominante que valoriza os princípios do rendimento esportivo. Selecionamos três categorias para a análise de conteúdo dos documentos consultados: Oferta do Esporte; Cotas de Inclusão ou Exclusão; Reprodução ou Resistência: Os atores locais. Destacamos que o IFPR apresenta duas Políticas de Ensino voltadas para o esporte.1) A realização dos Jogos Estudantis Locais e o incentivo a participação dos estudantes nas etapas, regionais e nacional. 2) Programa Estudante-Atleta (PEA) que visa oportunizar aos estudantes a participação nos Jogos Internos do IFPR, Regionais e Nacionais da Rede Federal. Constatamos também a ausência de ações para a prática esportiva, na perspectiva do aluno com deficiência e a reprodução da cultura esportiva dominante do subcampo escolar no interior das suas relações. No entanto, encontramos nos PECEFs do campus Paranaguá, ações diferenciadas para o esporte, a partir da prática de vivências inclusivas. Concluímos que a posição ocupada pelo campus Paranaguá, no subcampo do esporte escolar, pode representar um movimento de resistência quanto à cultura esportiva dominante na instituição, que valoriza os princípios do rendimento e desconsidera a perspectiva do aluno com deficiência, reduzindo as possibilidades de pleno atendimento dos seus direitos. 

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