Resumo

O basquetebol se caracteriza por um cenário técnico-tático dinâmico influenciado pelas relações de oposição e cooperação, em um contexto complexo e imprevisível. Os jogadores, diante desse cenário, devem tomar suas decisões de forma contextualizada para alcançar os objetivos referentes a cada fase do jogo (ofensiva e defensiva), a partir das informações percebidas do ambiente, recorrendo ao seu repertório de possibilidades e alicerçados nas experiências anteriores e nos métodos de ensino adotados pelos seus treinadores. A importância da opinião dos treinadores é justificada na tentativa de compreender a gestão do processo de ensino-aprendizagem-treinamento (EAT) durante a formação esportiva, especificamente em relação aos conteúdos defensivos relevantes e os métodos de ensino desses. O objetivo do estudo foi analisar o uso dos sistemas defensivos na categoria sub-13 no basquetebol. Foram entrevistados quatro treinadores semifinalistas do Campeonato Estadual de Basquetebol, promovido pela Federação Paulista de Basquetebol. Optou-se pela entrevista semiestruturada e os discursos foram tabulados e analisados a partir do método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Os resultados revelaram dois grupos: a) treinadores que são a favor da marcação individual obrigatória; e b) treinadores que são a favor de defesas zonais. Os treinadores que são a favor argumentam que a marcação individual é a base do aprendizado das demais, apontando aspectos como: a necessidade de uma permanente atitude defensiva (aludindo ao fato de não deixar o jogador acomodado em uma posição), a importância de marcar o jogador quando está com a posse da bola ou sem essa, a pressão exercida sobre os atacantes para se desmarcar, a busca por situações propícias à recepção e continuidade do jogo ofensivo e o fato de os jogadores apresentarem dificuldades para arremessos de longa distância (tornando o jogo menos dinâmico). Em contrapartida, o grupo que é contra a marcação individual argumenta que nessa idade o jogador deva aprender todos os tipos de sistemas defensivos, destacando que isso pode ser uma "arma" contra a equipe adversária. Os posicionamentos opostos dos grupos revelou a preocupação com um processo de EAT que respeite o desenvolvimento dos jogadores e que os propicie diferentes tipos de vivências (grupo que defende a marcação individual), em detrimento do segundo grupo que pauta a importância do ensino de todos os sistemas visando a eficácia dos mesmos (grupo que defende a marcação em zona). Desta forma, entendemos que tais indicativos são pertinentes ao planejamento do processo de EAT na categoria sub-13 no basquetebol.

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