Resumo
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais a Orientação Sexual é um tema transversal que deve ser tratado por todas as áreas do currículo escolar. Logo, a Educação Física, ao conceber as práticas da cultura corporal e, como componente curricular integrado à proposta pedagógica da escola, também tem responsabilidade em trabalhar com a Orientação Sexual. Entretanto, as perguntas que surgem são: De que maneira os professores de Educação Física têm lidado com a Orientação Sexual em suas aulas? Como reconhecem a importância da escola e, em especial, das aulas de Educação Física, frente à sexualidade dos adolescentes? Assim sendo, o objetivo desta pesquisa foi investigar como a Orientação Sexual integra a prática pedagógica de professores de Educação Física na escola. A metodologia utilizada foi de natureza qualitativa, tendo como instrumento de investigação a entrevista semi-estruturada. Participaram deste estudo 5 professores de Educação Física da Rede Pública de São Paulo, que acumulam, no mínimo, 5 anos de experiência docente ministrando aulas nos "anos finais" do Ensino Fundamental. Além disso, optou-se pela escolha de professores titulados mestres ou mestrandos na área da Educação Física e que, atualmente, encontram-se vinculados a grupos de pesquisa. Partindo desses critérios, procurou-se registrar, descrever, analisar e interpretar os discursos dos professores entrevistados. Os resultados indicaram que, as manifestações da sexualidade nas aulas de Educação Física, relacionam-se principalmente, aos preconceitos e às necessidades sexuais próprias da adolescência, sendo o papel da Educação Física no trabalho com a Orientação Sexual estudar o corpo e suas "marcas" históricas, bem como, permitir o reconhecimento desse corpo e de suas potencialidades – limites, prazeres e desejos. Embora todos os professores entrevistados admitam trabalhar com a Orientação Sexual em suas aulas, não necessariamente, sentem-se preparados para lidar com o tema, seja por dificuldades inerentes ao cotidiano pedagógico, à formação acadêmica inicial ou por problemas ligados a vida pessoal. Por fim, verificou-se que a prática pedagógica dos professores aproximam-se das proposições dos Parâmetros Curriculares Nacionais e também, propiciam o aprofundamento dos conhecimentos específicos da Educação Física. Essas constatações revelam avanços significativos na área da Educação Física Escolar, além de indicarem a necessidade de se pensar um currículo que contemple o corpo como elemento central na articulação de projetos ligados à Orientação Sexual na escola.
