Resumo

Os parques urbanos são comumente utilizados para o lazer e a atividade física. Por meio da frequente utilização destes espaços os cidadãos podem ter muitos benefícios físicos, sociais e psicológicos proporcionados por estas atividades e/ou pelo simples contato com estas áreas verdes. Deste modo, estes espaços se revelam importantes para a saúde pública. Para isto devem apresentar adequadas estruturas e ambientes atrativos, permitindo uma percepção positiva dos seus usuários. No entanto, muitos parques urbanos estão localizados em áreas de grande saturação urbana, expostos a vários agentes de poluição ambiental, entre eles o ruído de tráfego de veículos automotores, principal fator de incômodo nas grandes cidades. Assim estas áreas podem se tornar menos atrativas para uma frequente utilização pela sociedade, descaracterizando as suas funções de promoção de atividade física e saúde. O objetivo desta pesquisa foi conhecer a percepção da qualidade do ambiente sonoro e os fatores individuais e ambientais dos usuários de parques urbanos, de modo a levantar informações que visem melhorar a qualidade ambiental destes espaços. Foram selecionados quatro parques da cidade de Curitiba-PR: três destes localizados muito próximos e/ou cercados por vias de intenso tráfego de veículos e um situado em região mais tranquila, o qual foi considerado como área controle. Foram realizadas 328 entrevistas com os usuários destas áreas (82 em cada parque), medições acústicas, mapeamento acústico e observação das características espaciais de cada parque e do seu entorno imediato. Os dados referentes à percepção e características dos usuários foram analisados por meio de estatística descritiva e utilizados o teste do qui quadrado para verificar diferenças em relação à área controle e a correlação de Spearman para a associação de variáveis, ambos com nível de significância de 5%. Confirmou-se a grande influência do ruído do tráfego intenso de veículos no ambiente sonoro dos parques, onde a maioria dos pontos e regiões que apresentam níveis sonoros que excederam o limite imposto pela lei municipal de Curitiba (55 dB[A]) estão no perímetro dos parques, próximos das vias de grande movimentação. Como esperado apenas a área controle apresentou valor médio de nível de pressão sonora de acordo com a legislação e uma boa qualidade do ambiente sonoro. Também foram identificadas outras condições no ambiente, além dos níveis de pressão sonora e forma urbana do entorno, que interferem conjuntamente na paisagem sonora dos parques e na sua percepção pelos frequentadores, tais como: o grau de incômodo ao ruído de trânsito, os tipos de sons que integram a paisagem sonora, a paisagem visual, as expectativas dos usuários aos sons, e os locais das estruturas dos equipamentos de lazer e atividade física (fatores ambientais). Ainda alguns fatores individuais apresentaram associação com a qualidade do ambiente sonoro: a sensibilidade ao ruído, o tempo de permanência e a frequência de utilização dos usuários nos parques. O conhecimento de todas estas condições pode ser uma importante alternativa para subsidiar efetivamente o projeto urbano, na busca de proporcionar um melhor conforto ambiental, tornando assim os parques mais atrativos para a atividade física e o lazer. 

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