Integra

INTRODUÇÃO:

A capoeira torna-se popular no século XVI, representando uma resposta dos negros aos maus tratos da escravidão. Segundo Bruhns (2000), essa arte de resistência, visava combater as violências de uma sociedade hostil, era um recurso de afirmação na luta pela vida.

Na década de 1930, surgem os primeiros mestres dessa arte, o Vicente Ferreira Pastinha (Mestre Pastinha), e Manuel dos Reis Machado (Mestre Bimba), que sistematizaram e divulgaram a capoeira no Brasil, dando-lhe um novo caráter. Para Brunhs (2000), nesse período a capoeira ganha uma nova classificação da anterior, de coisa de vadio, para esporte nacional, sendo reconhecido como tal em 1972 pela Resolução do Conselho Nacional do Desporto. A valorização da capoeira na sociedade é um fator relevante, uma vez que, vem divulgando e ampliando sua prática. Porém considerando-se que sua institucionalização é um fenômeno novo, objetivamos investigar: De que forma a capoeira inseri-se nos âmbitos formal e informal? Ela vem sendo trabalhada didaticamente pelos professores de capoeira? Será que seus diferentes campos de atuação vêm contribuindo para um processo de descaracterização dos seus fundamentos?

METODOLOGIA:

Foram cumpridas fielmente as diretrizes regulamentadoras emanadas na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/MS e suas complementares, outorgado pelo Decreto nº 93833, de 24 de Janeiro de 1987, visando assegurar os direitos e deveres que dizem respeito á comunidade científica, ao(s) sujeito(s) da pesquisa e ao Estado, e a resolução /UEPB/10/2001 de 10/10/2001. Essa pesquisa é de natureza qualitativa, utilizando como instrumentos a observação e a entrevista semi-estruturada. Foram pesquisados 11 grupos de capoeira em escolas, academias e centros comunitários. A entrevista foi feita com os praticantes, professores e diretores, que estavam disponíveis nas instituições investigadas. A observação não consistiu apenas em ver e ouvir, mas também examinar fatos ou fenômenos de interesse da pesquisa. Foi utilizada como referência a observação não participante (Lakatos, 2002), sem o envolvimento do autor na comunidade investigada, ou seja, permaneceu-se em contato, porém não se envolveu nas situações. Análise dos Dados: As entrevistas foram transcritas em toda a sua integridade, sendo elaborada uma matriz temática relacionada aos objetivos do projeto, desenvolvendo-se uma leitura crítica a partir da teoria do trabalho.

RESULTADOS:

Podemos identificar uma diversificação nas concepções de capoeira. Essa prática é vista como educação-lúdica, luta, esporte, atividade física, cultura, arte marcial, e atividade sócio-afetivo-cultural. Embora seja semelhante a sua prática nos âmbitos formal e informal esta trás particularidades que a diferencia. No âmbito formal a capoeira foi vista em seu caráter de educação-lúdica, sócio-cultural, afetivo-social e exercício físico, já no âmbito informal além dos aspectos mencionados, foi tida como forma de luta, arte marcial e esporte.

Analisando os interesses dos praticantes de capoeira na escola, percebeu-se que essa vem sendo procurada pelo aprendizado da movimentação, arte, cultura e diversão, sendo sua prática na maioria influenciada pelas amizades ou pela família. Na ótica dos diretores a capoeira na escola vem sendo vinculada a uma proposta educacional, já nas academias e centros comunitários ela é direcionada à prática esportiva, social e marcial. Na perspectiva dos diretores, a capoeira é contextualizada como uma atividade a parte, não estando atrelada à educação física, onde esses, apenas sedem o espaço aos professores de capoeira, tendo um acompanhamento parcial ou não do trabalho desses profissionais.

CONCLUSÕES:

Ao analisarmos as concepções de capoeira identificamos que em Campina Grande/PB, ela é vista em seus diferentes aspectos, confirmando sua pluralidade cultural. Vimos que a capoeira confirma-se como misto de dança-luta-jogo e que na maioria dos grupos entrevistados, ela tem uma certa particularidade, ora privilegiando seus aspectos culturais, ora seu aspecto combativo, ora o esportivo.

Foi percebido em sua maioria que, o trabalho do professor de capoeira no âmbito informal esteve sempre ligado aos anseios principais de seus praticantes, sendo mais evidenciado uma valorização excessiva à performance e ao rendimento. Já na escola, a cultura, música e fundamentos da capoeira são mais trabalhados, e que seus praticantes objetivam uma vivência mais recreativa. Dessa forma compreendemos que a capoeira reflete seu sentido polissêmico, confirmando sua relevância educacional, social e esportiva. Mesmo assim, sente-se a necessidade de um melhor esclarecimento por parte da sociedade do potencial educativo pouco expressivo, já que seu vasto conteúdo cultural é relegado ante os aspectos combativo e esportivo. Desta forma resgatar as finalidades da capoeira que tanto os velhos mestres lutaram para preservar é relevante e necessário na manutenção e concretização de suas tradições.