Resumo

A história das mulheres é regada de lutas contra o machismo e as construções de preconceitos, durante décadas as mulheres tiveram o papel de submissão aos homens em grandes partes das sociedades, onde a desigualdade e a cultura do poder masculino predominavam. Com a primeira onda do feminismo data na década de 70, e as lutas pela equiparação de seus direitos dentro da sociedade, as mulheres passaram a desenvolver um papel mais ativo, buscando conquistar cada vez mais espaços, especialmente pelo o direito ao sufrágio, elas passaram a cuidar mais de si e de seus corpos (SILVEIRA, 2013). Os corpos femininos passaram por grandes transformações em busca da revolução pela igualdade, nesse cenário as mulheres passam a viver uma nova fase da sexualidade e descoberta do próprio corpo (DEL PRIORE, 2000). No âmbito esportivo esse quadro também se transforma, a inclusão das mulheres dentro dos espaços do mundo esportivo se torna gradativa, voltada para o culto ao corpo, na busca pela “estética esportiva” (DEL PRIORE, p. 11, 2000). Se as mulheres estavam cada vez mais querendo ocupar um lugar na ordem social, não era muito diferente no mundo do esporte. Pouco a pouco as mulheres começaram a invadir uma área que nunca lhes havia pertencido e que lhes era bastante atraente. A prática do esporte e da atividade física lhes dava prazer. Elas estavam começando a sair de uma situação passiva para uma posição ativa. O esporte sempre foi um construto masculino do qual muito raramente as mulheres fizeram parte. (Miragaya, 2002, p. 1). A falta de representatividade e visibilidade para atletas lésbicas tornam o preconceito e a lesbofobia maiores, para Borrilho (2015) a homofobia presente nos insultos mascarados de piadas, e as representações caricaturais apontam gays e lésbicas como seres desprezíveis. As diferenças de gênero e sexualidades causam desconforto aquelas que não se enquadram em um padrão heteronormativo, que buscam normatizar os corpos e suas histórias, na garantia de um ser feminino irreal, as construções que cercam os corpos das mulheres atletas durante os séculos, criaram preconceitos e definições de feminilidades heteronormativas. (BUTLER, 2003). Diante disso, buscamos compreender através de apontamentos históricos como se deu a construção cultural da chamada feminilidade das mulheres lésbicas dentro do esporte brasileiro, tensionando e evidenciando a importância dos caminhos percorridos, foram definidos os seguintes objetivos: Investigar os preconceitos e as construções culturais que cercam a imagem das atletas lésbicas; Analisar a construção histórica dentro do cenário esportivo, que conferem o caráter natural do que é ser mulher; Compreender como se deu as construções das chamadas feminilidades em meio as quebras de padrões e presença dentro do cenário esportivo onde são negados os corpos dissonantes.

Referências

BORRILLO, D. A homofobia. Hal Archives ouvertes. Dez. 2015. Disponível em: https://hal.archives-ouvertes.fr/hal-01242485. Acessado em 15/05/2017.

BUTLER, J. O que é a Crítica? Um Ensaio Sobre A Virtude de Foucault. Tradução por Dalaqua, G. H. 2000.

BUTLER, J. Problemas de gênero. Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

DEL PRIORI, M. Corpo a corpo com a mulher: Pequena história das transformações do corpo feminino no Brasil. 1 ed. São Paulo: Senac, 2000. 108 p.

MIRAGAYA, A. A Mulher Olímpica: Tradição Versus Inovação na busca pela Inclusão. 2002.Disponível em: http://www.sportsinbrazil.com.br/artigos_papers/a_mulher_olimpica_1.pdf.

SILVEIRA, V. T. Tecnologias e a Mulher Atleta: Novas possibilidades de corpos e sexualidades no esporte contemporâneo. 2013. 162 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências Humanas, Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.

[1] Graduada em Educação Física, i-moretti@hotmail.com