Resumo

Esta pesquisa aborda as condições da produção do espaço urbano e sua imagem a partir da realização da Copa do Mundo de Futebol da Fédération Internationale de Football Association (FIFA) de 2014, e as contradições entre elas. Para tal, recorre, sobretudo, às bases teóricometodológicas advindas de Henri Lefebvre, Guy Debord e outros membros da Internacional Situacionista (IS), bem como a Karl Marx e Robert Kurz. As cidades sede da Copa de 2014, mais notadamente São Paulo, Rio de Janeiro e São Lourenço da Mata/Recife, constituem o espaço de análise para compreender as relações entre Estado e capital, bem como suas formas de efetivação no cotidiano e no espaço. Em busca de desvendar o papel do Estado na reprodução (crítica) do capitalismo, foram analisadas as leis federais voltadas para a Copa de 2014; a carta de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinada à construção das arenas; o Regime de Diferenciado de Contratações Públicas (RDC); as Parcerias Público-Privadas; e os Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CID) concedidos pela prefeitura de São Paulo. Os resultados e consequências desse processo efetivam-se na espacialidade urbana e em seu cotidiano por meio de estratégias como, por exemplo, FIFA Fan Fest,smart city,naming right,áreas de restrição comercial, crime por marketing de emboscada,ranking de cidadesmarcas, direitos de imagem e de marketing da FIFA. Diante disso irrompe a hipótese de que a produção do espaço espetaculariza-se, e a cidade torna-se cenário na medida em que sua imagem é produzida e comercializada autonomizada de seus conteúdos e contradições. Reduzida a cenário, a cidade vê-se diante de novos processos de fragmentação e segregação, o que possibilita avançar na compreensão de novos negócios com o urbano e sua paisagem.

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