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Muitos colegas professores, país afora, se mostraram surpreendidos com o conteúdo da Proposta da Minuta de Projeto de Resolução para audiência pública de 11/12/2015, ou seja nessa 6a. feira, em Brasília. 

Embora soubesse do interesse de grupos e pessoas na unificação dos cursos, até então não tinha me deparado ou conhecido nenhuma proposta concreta, muito menos oficial como esta da extinção do bacharelado. Certamente, os proponentes mantiveram sigilo até onde puderam, para não provocar reações antecipadas (notas de repúdio estão em processo de elaboração). Assim, tais grupos deixaram de lado o assembleismo que lhes caracteriza (quando lhes interessa) e peculiar de governos populistas, para atuar na surdina e tentar surpreender os de boa fé. 

Aqui, destaco apenas dois artigos e parágrafos propostos:

Art. 7º. Os cursos de Bacharelado em Educação Física atualmente existentes entrarão em regime de extinção, a partir do ano letivo seguinte à publicação desta Resolução.

Art. 8º. As instituições de educação superior que mantêm cursos de Bacharelado em Educação Física poderão transformá-los em cursos de Licenciatura, elaborando novo projeto pedagógico, obedecendo ao contido nesta Resolução.
§ 3º. As instituições de educação superior poderão optar por introduzir alterações decorrentes do novo projeto pedagógico para as turmas em andamento, respeitados o interesse e os direitos dos alunos matriculados.
§ 4º As instituições poderão incluir em seu projeto pedagógico do curso de Licenciatura em Educação Física os requisitos formativos que deverão ser cumpridos para a conclusão deste curso por graduados em cursos de Bacharelado em Educação Física.

Aqui, alguns trechos que podem ter contribuído para subsidiar a absurda proposta:
BOM ARGUMENTO: ( A história que as vacas estão com carrapatos: Matem as vacas!)
(PARECER HOMOLOGADO Despacho do Ministro, publicado no D.O.U. de 25/6/2015.(Pág. 5) Esse documento aparece no final  da  Resolução No. 2, (pág. 17).

"Ao segmentarem a educação superior pelo estímulo à expansão das matrículas e à diversificação institucional, na prática, as políticas para o setor, na maioria dos casos, contribuíram para a redução da educação superior à função de ensino. Como decorrência desse processo, ocorreram processos e disputas de concepções na ação institucional relativa à formação de professores, destacando-se o lócus onde deveria ocorrer suas prioridades, diretrizes, dinâmica curricular, relação entre formação e valorização profissional, entre outras. É importante situar que a priorização dos bacharelados, nas diversas áreas, contribuiu para a redução de espaço dos cursos de licenciatura e, em muitos casos, para o consequente empobrecimento da formação de professores, agravado, ainda, pelo fato de grande parte das IES formadoras – faculdades e centros universitários – pautar sua atuação no âmbito do ensino, secundarizando a pesquisa e a extensão. Por outro lado, é relevante reconhecer, paradoxalmente, outros movimentos, sobretudo nas universidades, de rediscussão da formação, resultando na instituição de fóruns de licenciaturas, na estruturação de projetos pedagógicos articulados para as licenciaturas, na proposição de políticas e gestão, entre outros." 

NO MESMO DOCUMENTO:

"Nóvoa (1992) sinaliza importantes considerações sobre a situação da formação de professores e a necessidade de projeto da profissão docente ao afirmar que: 
A formação de professores ocupa um lugar central neste debate, que só se pode travar a partir de uma determinada visão (ou projecto) da profissão docente. É preciso reconhecer as deficiências científicas e a pobreza conceptual dos programas actuais de formação de professores. E situar a nossa reflexão para além das clivagens tradicionais (componente científica versus componente pedagógica, disciplinas teóricas versus disciplinas metodológicas, etc.), sugerindo novas maneiras de pensar a problemática da formação de professores."

Enfim, precisamos debater essas propostas, repentinas, no meu entendimento, com seriedade e responsabilidade.