Resumo

A disciplina de Educação Física escolar, oriunda na segunda metade do século XIX e incorporada ao currículo escolar em meados do século XX, sempre apresentou um variado repertório de conhecimentos nas áreas biológica (higienismo) e humana (jogos e formação esportiva), com forte influência de valores militares. Suas principais manifestações, ginástica e esporte, disputavam espaço de interesse entre estudantes, professores e gestores. Durante o Nacional Desenvolvimentismo brasileiro (1946 a 1964), políticas públicas desenvolvidas em 3 eixos basilares para a disciplina de Educação Física escolar (currículo, formação de professores e equipamentos escolares), interferiram decisivamente nas complexas e imbricadas relações entre a ginástica e o esporte, repercutindo diretamente para a crise de identidade que ainda caracteriza historicamente essa disciplina, antecipando a prática do dá a bola e deixa jogar! para a década de 1950 e contrariando os estudos historiográficos que nomeiam o Regime Militar como o principal responsável pelos problemas identitários da Educação Física escolar. Através da análise de fontes primárias (livros, artigos e imagens da época), fontes secundárias (documentos referentes ao período histórico estudado) e de legislações, com a utilização de recursos interpretativos da História Cultural, para analisar a sucessão de fatos que resultaram no panorama da Educação Física escolar durante o Nacional Desenvolvimentismo. A análise dos eixos de estudos permitiu concluir que, durante os anos de 1946 e 1964, a Educação física escolar permitiu a convivência mútua e complexa da ginástica /calistenia (método em processo de decadência) com os esportes (ascensão do Método Desportivo Generalizado), permitindo a preparação de um cenário que culminaria com a proliferação das práticas esportivas durante o Regime Militar, marcando o Nacional Desenvolvimentismo como o momento histórico que originou prática dá a bola e deixa jogar

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