Resumo

O contato com o próprio corpo e com o mundo, experimentado por crianças com mielomeningocele (MM) apresenta características bem diferentes do habitual em decorrência principalmente dos déficits motores e sensitivos e do estigma de sua deficiência física. A resiliência é uma capacidade universal que permite a uma pessoa, grupo ou comunidade prevenir, minimizar ou ajustar-se aos efeitos das adversidades. O objetivo dessa pesquisa foi refletir sobre a resiliência e a imagem corporal de adolescentes e adultos com MM de uma instituição especializada no atendimento da área da deficiência física, Associação Campineira de Recuperação da Criança Paralítica, na cidade de Campinas - SP. A pesquisa foi de natureza qualitativa, descritiva exploratória, incluindo uma pesquisa de campo, na qual se aplicou a Escala de Resiliência adaptada por Pesce e colaboradores (2005). Os escores da escala oscilam de 25 a 175 pontos, com valores altos indicando elevada resiliência. Há seis questões relacionadas à Imagem Corporal, elaboradas especialmente para esse trabalho e um questionário de identificação. Participaram 12 sujeitos, dentre eles 04 são do sexo masculino e 08 do sexo feminino, com idade entre 15 a 34 anos. A maioria tem religião. Dos 12 sujeitos, 04 trabalham, 04 não trabalham e 04 são estudantes. Nível de escolaridade dos sujeitos foi do ensino fundamental incompleto à pós-graduação. A renda familiar foi de um a seis salários mínimos, sendo que a maioria recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Apenas 01 sujeito não faz uso de cadeira de rodas. Podemos constatar que os sujeitos apresentaram alto potencial de resiliência (94 ? 163). Fatores relacionados à capacidade de resolução de ações e valores ficaram acima da média (valores de 49 a 98). Os fatores relacionados à independência e determinação, apenas 02 sujeitos ficaram abaixo da média (valores entre 15 e 28). Um sujeito apresentou o fator autoconfiança e a capacidade de adaptação abaixo da média. Quanto à Imagem Corporal, a maioria diz que gostaria de modificar alguma parte do corpo. As partes mais apreciadas pelos sujeitos foram os olhos e o rosto. E as partes que menos gostaram foram: a barriga e os seios, por serem grandes. Um dos sujeitos apontou como partes do corpo a serem reconstruídas se caso pudesse: a medula, a bexiga e o intestino. A ?estética? e a ?função? foram elementos determinantes dos sentimentos de ?gostar? ou ?não gostar? do corpo. Os resultados desta pesquisa corroboram a relação entre aparência/função e imagem corporal. O conhecimento e o desenvolvimento da resiliência e da imagem corporal são conceitos que contribuem na intervenção satisfatória do profissional de educação física junto a essa população, através do fortalecimento dos pilares básicos da resiliência: afetividade, independência, iniciativa, humor, criatividade e auto-estima 

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