Resumo

Este trabalho refere-se à técnica pianística desenvolvida pelo pianista Pietro Maranca (1944-1995) que foi professor na Fundação das Artes de São Caetano do Sul e no curso de Bacharelado em Piano do Instituto de Artes da UNESP, na década de 1980. A técnica tem fundamentos na anatomia que estuda grandes estruturas e sistemas do corpo humano, na fisiologia cujo estudo engloba as funções e o funcionamento normal dos seres vivos, na biomecânica que aplica as leis da mecânica ao sistema locomotor do corpo humano, e na cinesiologia que estuda o movimento das forças que atual no corpo humano. Essa técnica permite que o pianista use de modo consciente e eficaz seus recursos físicos, psicomotores e sensoriais ao tocar, com base no relaxamento e fortalecimento muscular, na funcionalidade e na ação consciente dos movimentos e dos gestos, como parte da expressão musical e da performance através da demonstração, do estudo e da prática de exercícios específicos. O professor Pietro Maranca desenvolveu e sistematizou essa técnica a partir de seus estudos com Arturo Benedetti Michelangeli (na Itália), com Peter Feuchtwanger e Maria Curcio (em Londres, entre 1960 e 1970). Trata-se de uma série de exercícios de modo teórico, prático e sensorial (auditivo, visual e tátil), sendo que parte desses exercícios encontra-se no livro Klavierübungen zur Heilung physiologischer Spielstörungen und zum Erlernen eines funktionell—natürlichen Klavierspiels (Exercícios para curar desordens relacionadas a tocar e para a assimilação de uma abordagem funcional e natural de tocar piano), cujo material integra a pesquisa. A metodologia de Peter Feuchtwanger é baseada no tocar piano com leveza e mínimo de esforço, na economia de movimentos, no modo natural de posicionar mãos, dedos e braços. Pietro Maranca ampliou esses conceitos, aplicando a teoria de Laban, que explora as relações interiores do movimento e funcionamento exterior do corpo, o processo de geração de força e o estudo sobre as especificidades da mão humana. A técnica possui um diferencial mencionado pelos pianistas que realizaram esse trabalho: uma vez que se aprende a tocar desse modo, não se vislumbra outra possibilidade, em função das soluções técnicas, da efetividade do resultado, da liberdade e segurança adquirida, da ação e do condicionamento consciente e sensorial e, sobretudo, da conexão do resultado sonoro e da interpretação musical com o uso dos movimentos naturais, biomecânicos e funcionais. Devido ao falecimento precoce do professor Pietro Maranca, essa técnica foi ensinada por comunicação oral. Pretende-se nesse trabalho verificar que o método de estudo é objetivo e coerente entre a teoria e a prática dos exercícios e os conceitos científicos. A metodologia de ensino proporciona resultados a quem efetivamente realiza o trabalho e traz respostas com soluções efetivas, técnicas e interpretativas, para todas as obras do repertório pianístico. Entrevistas e dados bibliográficos serviram de base para o presente trabalho. Todo o material destina-se a auxiliar o estudo e sua aplicação por docentes e discentes, e a consulta pela comunidade acadêmica e o público em geral, contribuindo com o acervo histórico e científico do Instituto de Artes da UNESP, uma vez que a técnica pianística objeto deste trabalho foi elaborada por professor e pianista de importante competência profissional e artística.

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