Resumo

INTRODUÇÃO: Que jogo é esse?
A origem do problema

A opção por investigar a trajetória política do esporte no Brasil guarda estreita relação com a nossa formação profissional como Professora de Educação Física. Nela, o esporte sempre esteve presente: no âmbito acadêmico, na prática pedagógica e na ação política. Como fenômeno social tipicamente moderno, o esporte conquistou lugar de destaque no universo das práticas culturais de movimento. Tal hegemonia não é gratuita. Muito menos se perpetua pelo simples fato de que, ao estabelecer os Jogos Olímpicos da Era Moderna, o Barão de Coubertin houvesse, em 1896, sentenciado que os mesmos seriam “um potente, embora indireto, fator para assegurar a paz mundial”.

O esporte traz, em si, o conflito. A meu ver, o promissor desenvolvimento alcançado pelo esporte neste século encontra-se articulado com os processos sociais e políticos que o engendram. Hoje, a prática esportiva, em suas diferentes facetas e dimensões, encontra-se permeada pela multiplicidade de interesses que constituem as relações humanas, políticas e econômicas características do século e da modernidade que o acolhe.

Em meu processo de formação profissional, a convivência com o esporte foi fortemente temperada com boas doses de ambigüidades e indefinições. Durante a década de 80, período de meu ingresso no curso de Licenciatura, a Educação Física brasileira começava a viver sua crise de identidade. Questionando sua função social e buscando desvencilhar-se dos interesses autoritários, militaristas e biologicistas que a instrumentalizavam, a Educação Física elegeu o esporte como um de seus dilemas centrais. Era necessário questioná-lo, denunciá-lo e, para alguns segmentos, até mesmo eliminá-lo. Sob forte influência de uma tradição marxista de matizes estruturalistas, o esporte era associado às idéias de alienação, dominação de classes, exploração capitalista e reprodução do trabalho compartimentalizado e orientado para o alto rendimento.

Nesses termos, o esporte se constituía, a priori, como um mal em si, incompatível, portanto, com os projetos libertários e de transformação social.

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