Resumo

Este trabalho apresenta uma reflexão sobre danos psíquicos que podem ser associados a experiências de intensa violência imputadas aos sujeitos. Consideramos que, em situações nas quais os sujeitos não encontram vias de respostas aceitáveis socialmente para muitas injunções vividas no cotidiano, são tomados por um sentimento avassalador de vergonha de si mesmo. Questionamos sobre as saídas ou vias de fuga que acionamos para a vergonha de si, uma vez que conhecemos muitas formas de reparação para o sentimento de culpa. Constatamos que em conseqüência deste sentimento de vergonha de si mesmo, se produz todo um movimento de isolamento que finda por dar sustentação à situação de exclusão social, seja esta exclusão decorrente de estigmas da pobreza ou, como no caso deste estudo, do analfabetismo. Ressaltamos que tal sentimento de vergonha de si pode constituir um dos fatores obstaculizadores para o investimento na capacidade de pensar, de investir em si, no outro e no mundo, favorecendo as condições para que uma posição de alienação se imponha. Esta situação de alienação coloca o sujeito pensante num estado de risco, podendo levar ao desfecho da mortificação da capacidade de pensar. As reflexões realizadas e que são aqui apresentadas tem o propósito de subsidiar nossas intervenções, afinando nossa escuta frente a sujeitos que pelo sentimento de vergonha de si se cristalizam em formas de ser e viver no limite da solidão, da tristeza e muitas vezes, da melancolia.

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