Resumo

O trabalho informal tem sido uma saída para milhares de brasileiros, que buscam alternativas para continuar a garantir seu sustento e o de sua família. Estes quando migram para o setor informal geralmente o fazem sem conhecer os riscos físicos e ergonômicos desta atividade. São condições de trabalho, algumas posturas inadequadas exigidas pelas tarefas, a regulação na intensidade e duração para o cumprimento destas tarefas e, principalmente porque este setor, por ser informal, não é fiscalizado. O objetivo deste estudo foi analisar a relação entre os fatores presentes nas condições de trabalho e a qualidade de vida relacionada à saúde dos fabricantes de pranchas de surfe (“shapers”) da cidade de Florianópolis. Este estudo classificou-se como descritivo multicasos, possuindo características exploratórias. A amostra considerou fabricantes de pranchas de surfe que eram “proprietários do negócio”; e que estavam na informalidade há pelo menos dois anos. As variáveis estudadas foram: fatores humanos gerais, condições de trabalho; morfologia; e esforço percebido. Os seguintes procedimentos foram adotados: análise ergonômica do trabalho, questionários, entrevista, “checklist”, antropometria e composição corporal, e escala de Borg. No tratamento estatístico utilizou-se média, desvio-padrão, mínimos e máximos; escores “z” e “T” e correlação de Pearson (r). O ruído mostrou ser o principal risco físico nos ambientes estudados, havendo necessidade de intervenção imediata em algumas “fábricas”. Riscos ergonômicos foram identificados na jornada de trabalho, exigência de postura inadequada por um longo período de tempo, e outras situações de estresse psíquico. Outro risco detectado, de origem química, reside na grande quantidade de partículas do “pó de shape” dispersas no ambiente laboral os quais podem trazer severas conseqüências à saúde do operador e a circunvizinhança do posto de trabalho. Com relação á aptidão física dos sujeitos concluiu-se que a flexibilidade tronco/quadril necessita de melhora em curto espaço de tempo, por representar perda de proteção para a coluna, uma vez que as posturas nesta profissão foram identificadas como potencialmente perigosas. Os resultados para condição cardiorrespiratória evidenciaram estarem abaixo de índices regulares e também requerem, a médio prazo, implementação e melhora por parte dos sujeitos amostrados. Os resultados apontados para força muscular (abdominal e membros superiores), e preensão manual variaram muito intra-indivíduos, mas estão compatíveis com quadros de referência indicados na literatura, e valores para o percentual de gordura classificaram os sujeitos dentro da normalidade para a faixa etária.

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