Resumo

Existem vários procedimentos para determinação de energia mecânica. Ao registrarmos a coleta de dados do movimento de um determinado indivíduo e realizarmos os cálculos específicos, segundo diferentes autores, obteremos resultados completamente diferentes para a estimativa de energia para o movimento selecionado. Além dos diferentes procedimentos outros fatores inerentes ao cálculo na cinemática podem influir nos resultados obtidos. O objetivo deste trabalho foi estudar a influência dos seguintes fatores para a determinação da energia mecânica: modelos antropométricos, visibilidade das marcas digitadas no indivíduo e a forma de movimento (esteira rolante e piso fixo) além de descrever e comparar, usando uma mesma metodologia, as variações nas curvas de energia mecânica no corpo como um todo, assim como nos segmentos corporais, para o movimento de andar e correr. À partir de registro da imagem de vídeo determinou-se as coordenadas tridimensionais para o cálculo de variáveis cinemáticas no estudo de andar (1,5 m/s) e correr (3,0 e 4,0 m/s) em esteira rolante e piso fixo. Para a determinação da energia mecânica foram utilizados os modelos antropométricos de DEMPSTER (1955), como descrito por WINTER (1979) e o de ZATSIORSKY (1984), e foram digitados pontos colocados em ambos os lados do indivíduo. Os resultados da influência dos fatores acima descritos na variabilidade do cálculo da energia mecânica foram: a) a digitação de marcas de ambos os lados do corpo é mais uma fonte de erro que de informação; b) as diferenças entre os modelos antropométricos estudados surgem principalmente ao se estudar variações de energia mecânica nos segmentos corporais e ocorrem predominantemente na energia potencial; c) no movimento na esteira rolante existe menor variação de energia mecânica nos membros inferiores e no tronco em relação ao piso fixo, sendo respectivamente para os membros inferiores e tronco esta diferença em torno de 5J e 20J. Quanto à comparação entre os movimentos de andar e correr as curvas de energia mecânica total e suas componentes apresentam formas e características diferentes, sendo a velocidade de corrida outro fator interveniente. As principais diferenças entre o andar e correr foram: a variação na energia mecânica total foi em média 2,5 vezes maior na corrida; no andar a maior contribuição para a variação na energia total advém da variação na energia interna, enquanto na corrida advém da energia externa; a contribuição dos membros inferiores à variação total de energia chega a quatro vezes a contribuição dos membros superiores no andar e até seis vezes no correr. Com o aumento da velocidade de corrida observamos que: o valor médio da curva de energia total aumenta principalmente pelo aumento na produção de energia cinética do centro de massa; o aumento na variação na energia total é derivada principalmente de aumento na variação da energia interna; a maior contribuição ao aumento na variação de energia no membro inferior advém do aumento da variação de energia cinética da perna.

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