Resumo

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar as adaptações cárdio-respiratórias em resposta ao treinamento físico e em especial as alterações que ocorrem no controle vago-simpático do coração. Ele incluiu um estudo longitudinal e outro transversal. No estudo longitudinal, 8 voluntários saudáveis do sexo masculino, com idade média de 53 anos, foram submetidos a um programa de treinamento físico aeróbio (TFA). Este treinamento foi conduzido através de caminhadas e trotes em pista, com intensidade de 70 a 85% da freqüência cardíaca (FC) pico, duração média de 35 minutos, e freqüência semanal de 3 sessões. Os voluntários foram avaliados antes do início do período de treinamento e no 3º e 10º mês de treinamento. Os testes funcionais realizados compreenderam a realização de exercício físico dinâmico (cicloergômetro) através dos protocolos descontínuo (PD) e contínuo (PC). As variáveis estudadas foram a FC e a pressão arterial (PA) em repouso e exercício; a primeira foi obtida a partir da contagem manual dos intervalos "R-R" de um traçado eletrocardiográfico. Este tipo de estudo permitiu que se chegasse as seguintes conclusões: o TFA causou bradicardia de repouso, que tendeu a se intensificar com o tempo de treinamento, com significância estatística (p < 0,05). Já os incrementos de FC obtidos durante a realização do exercício dinâmico, nos intervalos de 0 a 10 segundos (vago dependente) e de 1 a 4 minutos (simpático dependente), apresentaram pequenas modificações destas magnitudes de respostas após os períodos de TFA. Somente a partir do 10º mês é que o TFA provocou alterações mais significativas no delta de 1 a 4 minutos, demonstrando uma menor participação simpática, como resposta adaptativa. Ressalta-se, que o incremento global de FC de 0 a 4 minutos, praticamente não se modificou com o TFA. Já a resposta da FC absoluta durante o PD, mostrou através da análise das identidades, adaptações que ocorreram com o tempo de TFA, correlacionando os deltas de potência com a FC, mostrando em todos os indivíduos estudados uma melhora no desempenho ao esforço nas diferentes fases de treinamento. Com relação ao PC, os dados obtidos longitudinalmente revelaram uma significante melhora da capacidade aeróbia pico (P < 0,05), com o decorrer do TFA, relativamente aos valores de FC pico. O estudo transversal objetivou verificar o comportamento da FC em repouso e em exercício, comparando-se os dados de dois grupos: um grupo controle sedentário (n =7) e o outro submetido à TFA durante 10 meses (n = 8).Os dois grupos apresentaram semelhança, quanto a idade e características antropométricas. Este trabalho também objetivou a avaliação das respostas ventilatórias durante o exercício físico dinâmico. Os resultados foram praticamente semelhantes aos obtidos no estudo longitudinal, particularmente os achados de menor bradicardia de repouso e menor participação do componente simpático (delta de 1 a 4 minutos) em esforço, apresentada pelo grupo treinado. As respostas ventilatórias (VO2, VCO2, RER, V e FR) foram semelhantes para os dois grupos estudados nas condições de repouso e durante o exercício sub-máximo; contudo, o grupo treinado atingiu valores picos superiores aos do grupo sedentário, devido a menor capacidade física que estes últimos apresentaram. Também foi avaliado, através do método ventilatório (V e VCO2), a medida do limiar de anaerobiose, cujos dados apresentaram valores significativamente superiores de VO2 (p < 0,05) para o grupo treinado, o que indica aumento da capacidade aeróbia em esforço, neste grupo estudado. Estes achados mostraram que o treinamento aeróbio, realizado em campo, proporcionou importantes adaptações dos sistemas cárdio-respiratório de natureza intrínseca, bem como àquelas ligadas ao sistema nervoso simpático e parassimpático cardiovascular. Graças a estas adaptações foi observado importante melhora da capacidade aeróbia pico em todos os indivíduos estudados.

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