Resumo

Os clubes de futebol nacionais, de modo geral, enfrentam problemas de gestão e financeiros. As boas práticas de governança podem ser uma resposta para esses problemas ao colaborar com a reconstrução administrativa e financeira dessas organizações. Entretanto, algumas adaptações podem ser necessárias nesse processo, devido às especificidades do setor, principalmente quando se considera que os tradicionais códigos de governança corporativa tendem a ser mais direcionados para organizações com finalidade lucrativa e capital aberto, enquanto a maior parte dos clubes nacionais é constituída juridicamente no formato de associação. Nesse sentido, o presente trabalho se propôs a elaborar um modelo específico de boas práticas de governança adequado às características organizacionais e ao contexto ambiental dos clubes de futebol profissional. Foi realizada uma pesquisa de caráter qualitativo, exploratório, aplicado e interdisciplinar. Em uma primeira fase, foi utilizado o levantamento bibliográfico, que serviu de base para a construção do modelo de governança proposto, na segunda fase, por meio do método comparativo. Na terceira fase ocorreu a submissão do modelo proposto a especialistas, com base em um roteiro de entrevista semiestruturada. Os dados coletados nesse processo foram objeto de uma análise de conteúdo, na quarta fase, quando foram realizados ajustes no modelo que teve algumas de suas práticas (relativas à limitação do direito a voto) checadas em termos de adoção junto aos principais clubes nacionais. A versão final do modelo proposto está dividida em cinco dimensões principais: cultura organizacional e práticas de gestão; sustentabilidade financeira; direitos dos associados; conselhos (administrativo, deliberativo e fiscal); e auditoria. O modelo elaborado respondeu ao problema de pesquisa ao apresentar características adequadas ao setor, sugerindo que, por meio da adaptação de práticas tradicionais de governança, um modelo específico para o setor é viável, tendendo a possuir algumas dimensões e práticas comuns às dos principais códigos de governança. Os resultados sugerem a adequabilidade e a aplicabilidade do modelo, de forma que esse possa servir como subsídio para um eventual marco normativo regulatório que compreenda aspectos relacionados à governança dos clubes de futebol profissional.

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