Resumo

A dica visual implícita, caracterizada por ser um estímulo presente no ambiente e que necessita ser interpretada, pode influenciar na tomada de decisão para o desvio de um obstáculo. Entender como as pessoas utilizam a dica implícita para desviar de um obstáculo pode melhorar o planejamento e os ajustes motores durante a realização da tarefa. Assim, o objetivo deste trabalho foi investigar a influência da dica visual implícita na tarefa de desviar de um obstáculo durante o andar em adultos jovens. Doze adultos jovens (21,16±1,80 anos) com predominância do lado dominante direito realizaram o estudo. Os participantes foram instruídos a permanecer com os olhos fechados na posição inicial e, após o comando para iniciar a tentativa deveriam abrir os olhos e caminhar sobre uma passarela de 8m de comprimento e 3m de largura e desviar de um obstáculo com dimensões de 1,30 de altura e 0,30 de diâmetro posicionado no centro da passarela. Antes de iniciar a tentativa, quando o participante abrisse os olhos, para induzir o lado de desvio, um sinal luminoso foi utilizado no chão (aproximadamente 1 segundo disponível). Foram realizadas 20 tentativas randomizadas em quatro condições diferentes: i) o ponto luminoso não estava disponível na tentativa; ii) o ponto luminoso foi apresentado do lado dominante do participante; ii) o ponto luminoso foi apresentado do lado não-dominante do participante e iv) lado dominante com espaço para desvio 12 cm maior comparado ao não-dominante e ponto luminoso apresentado no lado dominante do participante. Para a aquisição dos dados do CoM foi utilizado o sistema Vicon Motion System com 8 câmeras com frequência de 100Hz e para o comportamento do olhar foi utilizado o sistema Eye Tracker ASL mobile com frequência de aquisição de 60Hz. O teste de Wilcoxon foi utilizado para comparação do lado de desvio entre as condições e a ANOVA one-way foi utilizada para a analise do centro de massa (CoM) durante as fases de desvio: fase inicial do deslocamento do CoM e a distância pessoal, caracterizada pela distância médio-lateral do individuo em relação ao obstáculo, além do comportamento do olhar através das áreas de interesse (obstáculo, lado direito e lado esquerdo) mensurando as variáveis: número, duração e porcentagem das fixações, agrupado por variável entre as condições. A análise estatística indicou diferença do CoM apenas na condição ipsilateral, onde os participantes iniciaram o desvio com maior antecedência na na condição contralateral (p<0,048). Os resultados sugerem que a dica implícita do presente estudo não foi um estímulo capaz de induzir o lado de desvio de um obstáculo em adultos jovens.

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