Resumo

A pesquisa objetiva compreender e discutir, pela análise das práticas de lazer de jovens trabalhadores em bares da cidade de Teresina, como eles vivenciam seus lazeres. Em que tempo, em que espaço, e como o espaço/tempo do trabalho interfere e define suas práticas de lazer, as especificidades das mesmas e ainda quem são esses jovens. O interesse em pesquisar os lazeres desses jovens é fruto de inquietação frente à enorme quantidade de bares e de jovens trabalhando neles, e ainda pela ausência e precariedade de espaços públicos de, ou que podem vir a ser, de lazer na cidade. A inquietação se amplia quando verificamos que em Teresina o lazer e a cultura não se encontram em planejamento algum. A paisagem da cidade é clara no que se refere a sua proposta de lazer; os equipamentos públicos de lazer são raros e na sua maioria precários em relação à possibilidade de acesso. Entretanto, a quantidade de bares, pubs e, sobretudo, o anúncio da chegada de mais shoppings na cidade é um indício acerca de quem pode ter acesso ao lazer proposto e qual seu objetivo. Além disso, o tempo determinado pela sociedade como tempo para lazer, para os jovens pesquisados, representa tempo para trabalho. Dessa forma, nos inquieta saber como, onde e quan do jovens, em especial os jovens trabalhadores de bares, vivenciam seus lazeres. Nesse sentido, realizamos leituras e reflexões teóricas sobre lazer e juventude. Também entrevistaremos sujeitos pesquisados e faremos observação participante e não participante dos lugares que trabalham, para que ocorra entrosamento, mas, principalmente dos espaços que apontarão como sendo seus lazeres. Diante disso, o campo será definido a partir das entrevistas. Para tanto, delimitamos dentro do universo de jovens que trabalham nos bares estudar o lazer daqueles que estejam empregados nesses espaços, não importando do nesses locais e não realizando trabalho criativo. Em relação à escolha dos bares nos quais iremos em busca dos sujeitos, a proposta é diversificar a escolha,a partir dos bairros. O intuito de tal escolha é evidenciar a realidade dos jovens trabalhadores de bares em todas as regiões, tanto nas periféricas quanto nas centrais, tanto nos bairros de classes populares quanto nas zonas “nobres”. Algumas entrevistas têm sido realizadas e já foi possível inferirmos que o lazer desses jovens, “quando têm tempo”, tem sido em outros bares, portanto, em espaços semelhantes a seus espaços de trabalho. O tempo é obtido por meio do dia de folga, geralmente a segunda-feira, e já existem espaços na cidade como alguns bares que têm como fim atender justamente esse público, ou então fal tando a um “dia de serviço”, e ainda no final do expediente. Para acessar tais espaços recorrem aos seus precários salários. A configuração da cidade nos oferece inúmeras pistas para refletirmos sobre esses primeiros resultados e, sobretudo, a lógica do lazer apenas como mercadoria a ser consumida, ainda mais.
 

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