Editora Casa da Educação Física. Brasil 2017. 173 páginas.

Sobre

     A Educação Física brasileira, como toda e qualquer profissão, tem no bojo de sua história uma riqueza imensa de fatos, ocorrências e acontecimentos, que ao longo da vida foram juntando-se ou dispersando-se, porém, todos tomando parte na sua construção.

     Evidentemente, esses fatos, ocorrências e acontecimentos tiveram sua importância histórica de formas e maneiras diferentes, justificando-se, cada um ao seu tempo, o grau de sua importância.

     Como militante, e, portanto, parte da história de construção do processo de organização política da Educação Física brasileira enquanto profissão, sinto que devo registrar as ações e contribuições neste processo.

     Não se tem aqui a pretensão de expor nas páginas seguintes, toda a história daorganização-político-profissional da Educação Física, até porque, isso seria impossível. Sabemos bem que tal história vem sendo escrita desde os anos 40 através de ações sistematizadas de profissionais compromissados com o desenvolvimento dessa profissão.

     Foram distintos momentos, uns mais, outros menos significativos; o certo é que tais momentos vieram no sentido da valorização dessa profissão que por muito tempo ficou fragilizada, solta ao vento, à mercê de qualquer indivíduo que se julgasse apto a ser parte dela.

     Com o intuito de nos situar em relação ao tempo e época dos acontecimentos,
estarei escrevendo parte da história da qual participei ao lado dos companheiros, ainda que não muitos, mas os quais acreditavam na possibilidade de realizar nossos sonhos. Só para se ter uma ideia, os meados dos anos setenta foram marcados por momentos de sensibilização e conscientização dos profissionais para tomada de posição político-profissional, que respondesse às necessidades e exigências da sociedade, no que se referia à Educação Física Brasileira.

     Nessa época, alguns profissionais passaram a se reunir em pequenos grupos, em encontros informais para discutir e fazer reflexões relativas à situação em que se encontrava a Educação Física enquanto profissão.

     Reuníamos após as aulas ainda na escola, após o almoço no restaurante universitário das escolas de Veterinária no bairro Gameleira ou Engenharia no Centro da cidade de Belo Horizonte. Também, no período da noite, após as aulas na Faculdade de Educação, sempre sobrava um tempo para nossas trocas de ideias sobre nossasintenções.

     Deu-se aí o início da luta travada por nós profissionais que clamávamos pela organização das atividades inerentes à nossa profissão, aos modos em que se encontravam as demais profissões já alicerçadas em bases consistentes.

     Não somos, nem podemos ser pretensiosos ao ponto de acharmos que nossas experiências foram suficientes para resolver a problemática relativa à organização política da profissão de Educação Física. Ao passo que, nossa intenção é oferecer aos interessados um relato de momentos vividos em relação a esse processo em Minas Gerais, com reflexos no Brasil, e que se encontram esquecidos, ou no mínimo, não registrados até os dias de hoje.

     Queremos também:

• Apresentar e comentar alguns fatos importantes que marcaram de certa forma a construção, organização e regulamentação da nossa profissão, principalmente após a década de setenta, anos decisivos para o surgimento de lideranças nos movimentos político/profissionais da Educação Física;

• Reconhecer a importância e a contribuição do desporto universitário no processo de construção dos movimentos voltados para a organização política da profissão de Educação Física;

• Explicitar nosso ponto de vista relativo ao processo de formação profissional, contribuindo na medida do possível para melhor compreensão desse processo;

• Possibilitar a compreensão das estruturas das entidades, pilares da formação profissional, explicitando suas funções, deveres, direitos e responsabilidades;

• Relatar parte da reestruturação da Federação Brasileira das Associações dos Profissionais de Educação Física – FBAPEF, explicitando a efetiva participação das lideranças mineiras nesse histórico movimento profissional;

• Chamar a atenção de estudantes e profissionais para a necessidade de envolvimento, com as organizações e instituições da classe, voltadas para o desenvolvimento e fortalecimento contínuo da profissão.

Boa leitura! O autor,
Ouro Preto, Maio de 2017.

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