Resumo

A eleição do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 foi o resultado de um processo bem sucedido que envolveu diversas instituições e vem promovendo significativo impacto no esporte e na sociedade brasileira. Com um investimento de R$ 90 milhões na candidatura e uma expectativa de R$ 40 bilhões em todas as infraestruturas relacionadas à realização do evento, surge o questionamento sobre as razões e as estratégias pelas quais se dá o envolvimento de instituições, cidades e países para sediar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Com o foco no caso brasileiro, essa pesquisa propõe responder a seguinte pergunta-problema: quais as lógicas de funcionamento dos campos esportivo e político que estão relacionadas aos posicionamentos do Comitê Olímpico Internacional (COI), do comitê de candidatura e do governo brasileiro para a estratégia de candidatura e eleição do Rio de Janeiro como a cidade-sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016? Temos como hipótese que essa aproximação para a candidatura e posterior eleição se deu como uma estratégia pertinente às lógicas de funcionamento de cada instituição em seu respectivo campo de atuação para manutenção ou busca de uma posição dominante. Na aparência, os discursos oficiais traziam justificativas de bases desenvolvimentistas do esporte, mas que compunham, disfarçavam ou amenizavam as estratégias políticas, institucionais e pessoais de visibilidade e conquista de mercados. Assim, o objetivo geral é descrever as lógicas de funcionamento do campo esportivo e político, especialmente no que se refere à identificação das estratégias e dos posicionamentos do COI, do comitê de candidatura e do governo brasileiro para a candidatura e eleição do Rio de Janeiro como cidade-sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. São objetivos específicos: (1) compreender o campo esportivo através das principais continuidades e rupturas do fenômeno esportivo moderno, as especificidades de sua manifestação como megaevento e as diferentes fases do movimento olímpico; (2) apresentar o campo político brasileiro, com ênfase nos elementos sociais, econômicos e político-partidário da primeira década dos anos 2000; e (3) relacionar as estratégias das instituições em seus respectivos campos com o processo de candidatura até a eleição do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Ao utilizar a teoria de Pierre Bourdieu como referencial teórico-metodológico, a pesquisa bibliográfica embasou a compreensão dos campos, tanto esportivo quanto político, apoiada na pesquisa documental a partir de dezoito fontes oficiais divulgadas pelo governo brasileiro (discursos do presidente), pelo comitê de candidatura (documentos de apresentação da candidatura) e pelo COI (avaliação das candidaturas) para interpretação das ações relacionadas ao processo em foco. Como resultados, discutimos cinco grandes argumentos mobilizados na documentação oficial e nos discursos que permeavam as principais justificativas e objetivos com o evento: sediar os primeiros jogos na América do Sul, proporcionar uma experiência festiva, alcançar o público jovem, fazer parte da transformação em progresso na cidade e promover o Brasil no exterior. A partir dessa discussão, alguns dados são confirmados e encontram paralelo na literatura, outros ganham novas conformações dentro do contexto brasileiro específico daquele período histórico. Como conclusão, confirmamos parte de nossas hipóteses e acrescentamos outras variáveis que antes não haviam sido contempladas, proporcionando com isso uma interpretação que incentiva a continuidade de estudos que observem possíveis mudanças e continuidades na preparação e realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, para além do processo de candidatura e eleição. Palavras-chave: Esporte. Jogos Olímpicos. Rio de Janeiro 2016. Brasil. Megaeventos.

Acessar Arquivo