Resumo

A cinemática apresentada por corredores idosos pode representar as estratégias utilizadas para produção do gesto esportivo dado as características fisiológicas e biomecânicas específicas desse grupo. A investigação do movimento de pelve e membro inferior em corredores idosos poderia auxiliar na compreensão das diferenças observadas entre idosos e adultos durante a corrida. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar as diferenças entre corredores adultos jovens e idosos nas características espaço-temporais e cinemáticas da pelve e do membro inferior durante a corrida. Para isso, foi realizado um estudo transversal com 20 corredores adultos jovens (25,85 ± 3,69 anos) e 20 corredores idosos (65,30 ± 4,22 anos). Na coleta de dados da corrida, os participantes correram em esteira com velocidade auto-selecionada. As características demográficas e de treinamento, assim como a velocidade auto-selecionada de cada grupo, foram apresentadas em média e desvio padrão. Para verificar se havia diferença nessas variáveis, realizouse teste t independente. As variáveis dependentes foram apresentadas em média e desvio padrão e agrupadas como espaço-temporais, posição no contato inicial, posição na retirada do antepé e amplitude de movimento (ADM) na fase de contato. Para cada grupo dessas variáveis, realizou-se análise de covariância multivariada, considerando a velocidade auto-selecionada como covariável. Na presença de efeito principal dos fatores, realizaram-se testes univariados para investigar quais variáveis apresentaram diferença entre os grupos de corredores. As variáveis de ADM que apresentassem diferença entre grupos foram representadas em gráficos da sua série temporal. Os resultados indicaram menor tempo total e comprimento da passada, tempo e comprimento da fase de contato, além de maior frequência da passada em idosos quando comparados a adultos (p<0,01). As variáveis angulares não apresentaram diferença entre os grupos de corredores no contato inicial (p=0,11), mas foram diferentes na retirada do antepé (p<0,01). Nessa fase, foi observada menor extensão do quadril (p<0,01) e maior abdução do joelho (p=0,01) em idosos. Na investigação da ADM, observou-se redução dessa variável para os três planos de movimento do quadril (p0,05) e para o plano transverso do ângulo tíbia-retropé (p=0,02) de corredores idosos quando comparados a adultos jovens. Dessa forma, as diferenças espaço-temporais indicam que o padrão de corrida de idosos é caracterizado por um sistema mais rígido e com menor capacidade de produção de força. Além disso, os resultados apontam diferenças cinemáticas em corredores idosos quando comparado a adultos jovens, principalmente relacionadas ao quadril, que também podem estar relacionadas a menor capacidade de geração de força por corredores idosos

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