Resumo

A rigidez mecânica proporcionada pelo sistema musculoesquelético é o componente primário da estabilidade articular. A literatura aponta que pessoas com dor lombar crônica apresentam diminuição da estabilidade da coluna lombar e como mecanismo compensatório, modulam a intensidade da cocontração dos músculos antagonistas do tronco de modo a garantir a rigidez necessária para evitar lesões. Neste contexto, o objetivo do presente estudo foi analisar o comportamento dos músculos antagonistas do tronco, na presença da fadiga muscular dos eretores da espinha, em pessoas com e sem dor lombar crônica. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa local (processo número: 0948/2014). Participaram 32 voluntários sedentários e de ambos os gêneros, separados em dois grupos: grupo de pessoas com dor lombar crônica inespecífica (n = 16, 6 homens, 37,3 ± 8,2 anos) e sem dor lombar (n = 16, 7 homens, 39,8 ± 9,3 anos). Foi considerada como dor crônica os casos que relataram múltiplos episódios de dor lombar nos três meses prévios ao estudo. Para induzir a fadiga dos eretores da espinha, todos participantes executaram o teste de Biering-Sorensen, no qual os sinais eletromiográficos (EMG) dos músculos oblíquo interno (OI), multífido lombar (MU), iliocostal lombar (IL) e fibras superiores do reto abdominal (RA), bilateralmente, foram captados por um módulo de aquisição de sinais biológicos, ajustado com frequência de amostragem de 2000 Hz. O índice de co-contração dos músculos OI/MU e RA/ IL, direito e esquerdo, foi calculado por meio da fórmula de Winter (2005). Utilizou-se a análise de multivariância (MANOVA) para a comparação dos índices de co-contração entre os grupos, com nível de significância de p < 0,05. Entre as comparações realizadas, não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos (F = 1,555; p = 0,215). Apesar de alguns estudos apontarem alterações nos índices de co-contração durante tarefas voluntárias realizadas por pessoas com dor lombar, o presente estudo não apontou diferenças entre os grupos durante o teste de Biering-Sorensen. Sugere-se que esta tarefa, por exigir uma contração isométrica submáxima, não demande aumento da estabilidade e consequentemente, não altere os níveis de cocontração do grupo com dor lombar. Desta forma, conclui-se que o aumento da co-contração não é necessária em todas as tarefas e que as estratégias de recrutamento dos músculos do tronco, na condição de fadiga dos eretores da espinha, foram semelhantes entre pessoas sem e com dor lombar crônica inespecífica.

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